Dois meses após o acidente com o helicóptero experimental (ZK-HOL) da Composite Helicopters International, na Nova Zelândia, a empresa divulgou esta semana um vídeo e as principais conclusões do inquérito. No sábado, 8 de Novembro de 2014, Peter Maloney, engenheiro-chefe e piloto de testes, e Norbert Idelon, piloto de testes, descolaram do aeródromo North Shore, perto de Auckland, para um voo de rotina do primeiro helicóptero monocoque do mundo, inteiramente construído em materiais compósitos Carbon-Kevlar.
Esquema em 3D da estrutura monocoque do ZK-HOL da Composite Helicopters
Trinta e sete minutos e 25 segundos depois, o aparelho despenhou-se numa colina.
Numa entrevista exclusiva à revista ‘Vertical’, Peter Maloney explica que estava a concluir o voo, quando uma barra de controlo de inclinação se partiu, resultando numa perda do controlo do colectivo (comando que altera o ângulo das pás do rotor principal). O helicóptero voava a cerca de 500 pés (152 metros) do solo quando o acidente ocorreu, como testemunham as imagens captadas pelas câmaras colocadas no cockpit e na cauda do aparelho. “A falha inicial provocou oscilações para cima e para baixo e fortes vibrações verticais, que obrigaram o Idelon a agarrar-se a uma pega lateral para conseguir manter-se no banco”, revelou Maloney, que lutou para levar o helicóptero a fazer uma aterragem de emergência.
Com vibrações que impediam uma descida em autorotação (manobra de aterragem de emergência), Peter Maloney entrou numa espiral à direita para perder altitude. Mas as rotações do rotor principal começaram a diminuir devido ao arrasto associado às manobras descontroladas das oscilações e à incapacidade do sistema do motor acompanhar estes movimentos. O helicóptero começou a inclinar-se para a direita e para a esquerda, tanto como a oscilar para cima e para baixo, de uma forma que os pilotos apenas experimentaram em simuladores. “Parecia que estava numa montanha russa. Só então me apercebi que o incidente se poderia tornar sério”, recorda Maloney.
Em menos de 90 segundos, entre a quebra da barra de inclinação e o momento em que o helicóptero caiu no solo, o piloto admite que a maioria das suas acções foi instintiva. Como pode ser visto no vídeo, o aparelho bate no chão com força e fica tombado para o lado esquerdo. A fuselagem em carbono e a estrutura monocoque absorveram a energia deste capotamento, deixando a cabina praticamente intacta e salvando a vida dos pilotos. Estes, não só sobreviveram ao acidente, como saíram do helicóptero pelos seus próprios meios e aptos a gerir a situação.
Vídeo divulgado do acidente
O que teria acontecido à estrutura monocoque em compósito do helicóptero neo-zelandês se esta tivesse pegado fogo?
Este assunto coloca uma pergunta sobre a qual gostaria de ser eslarecido: são as características de combustibilidade deste material semelhantes às das tradicionais construções metálicas e (ou) outras?