O Governo Português manifestou hoje, quinta-feira, dia 8 de Janeiro, o seu “forte desagrado” pela “decisão unilateral” da administração norte-americana de reduzir pessoal na base aérea das Lajes, na Região Autónoma dos Açores, considerando que o impacto económico e social na ilha Terceira é “especialmente preocupante”.
O embaixador norte-americano em Portugal, Robert Sherman, apresentou hoje em Lisboa as conclusões do relatório sobre a reorganização das forças militares norte-americanas na Europa, o qual prevê a redução gradual dos trabalhadores portugueses da base das Lajes de 900 para 400 pessoas ao longo deste ano, e dos civis e militares norte-americanos de 650 para 165.
“O Governo português expressa o seu forte desagrado por esta decisão, que não teve em conta as preocupações que transmitiu aos Estados Unidos da América ao longo dos últimos dois anos, em articulação com o Governo Regional dos Açores”, afirma, em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros.
O executivo considera ser “especialmente preocupante” o impacto desta decisão “na situação económica e social da ilha Terceira”.
Na nota, o ministério liderado por Rui Machete afirma que o Governo vai fazer uma “análise detalhada desta decisão e de todas as suas possíveis implicações”.
O chefe da diplomacia portuguesa avisara que as relações entre Portugal e os Estados Unidos poderiam ser prejudicadas em caso de um desfecho negativo sobre a utilização da Base das Lajes, quando intervinha esta terça-feira na sessão de abertura do seminário diplomático, em Lisboa.
No comunicado, o Governo adianta tomar “nota da disponibilidade norte-americana para procurar soluções que permitam mitigar os efeitos negativos desta decisão”, mas considera que, “por enquanto, nenhuma das soluções apresentadas constitui verdadeira alternativa que, de facto, mitigue o impacto da redução da presença norte-americana na Base das Lajes”.
O executivo refere que o anúncio do Departamento de Defesa do Governo dos Estados Unidos da América, hoje conhecido, “vem confirmar a decisão unilateral da administração norte-americana, de novembro de 2012, no sentido de proceder a uma forte redução da presença na Base Aérea Portuguesa n.º 4, nas Lajes”.
O assunto deverá ser abordado, em Fevereiro, numa reunião da comissão bilateral permanente com os Estados Unidos, que se reunirá em Lisboa, no âmbito dos mecanismos de consultas regulares entre os dois países.
EUA dispostos a atenuar os prejuízos que a medida irá provocar na Ilha Terceira
Numa conferência de imprensa em Lisboa, o embaixador Robert Sherman afirmou hoje que os Estados Unidos “estão conscientes” do impacto económico negativo para a economia dos Açores da redução de pessoal na base das Lajes e consideram prioritário contribuir para o atenuar.
Segundo explicou, foi criado um grupo de trabalho com especialistas da embaixada na área económica e representantes do governo regional dos Açores “para explorar oportunidades económicas”, designadamente “promoção do turismo, formação, negócios, cooperação em energias renováveis, investigação científica”.
“Não podemos dizer aos Açores o que é bom para os Açores. O que podemos é criar oportunidades e ajudar a desenvolvê-las”, disse.
Por outro lado, referiu, a administração norte-americana “está a considerar o pagamento de uma generosa indemnização aos funcionários portugueses das Lajes”.
As autoridades locais estimam que a diminuição da presença norte-americana na base represente uma redução de 10% a 15% no Produto Interno Bruto dos Açores e de 30 a 40 milhões de euros na economia da ilha Terceira.
A reorganização das forças norte-americanas na Europa abrange seis países europeus — Portugal, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Reino Unido — e vai permitir uma redução da despesa norte-americana de 500 milhões de dólares (423,8 milhões de euros).
No caso das Lajes, a redução de forças representa uma poupança de 35 milhões de dólares (29,6 milhões de euros), segundo o embaixador.
- Matéria da autoria da agência noticiosa portuguesa ‘Lusa’, publicada nesta tarde, de 8 de Janeiro de 2015, nas edições online da imprensa portuguesa