João Weber Gameiro (na imagem de abertura), ex-administrador financeiro da TAP, acredita que a privatização da companhia aérea portuguesa estava subjacente à aprovação da reestruturação pela Comissão Europeia, embora não se recorde que esteja mencionado no plano ou na comunicação com Bruxelas.
“Eu acho que a reorganização da TAP passaria pela sua privatização, creio que estava subjacente ao processo de aprovação da reorganização da TAP”, respondeu João Gameiro ao deputado Pedro Filipe Soares (Bloco de Esquerda), na comissão de inquérito à companhia aérea, cujas audições continuaram nesta quinta-feira, dia 25 de maio, na Assembleia da República, em Lisboa.
O deputado tinha questionado João Gameiro sobre as negociações do plano de reestruturação da TAP com a Comissão Europeia, que o viria a aprovar em dezembro de 2021, e sobre a intenção de privatizar novamente a empresa.
“Com toda a franqueza eu não me recordo, se me pergunta onde está no plano de reestruturação ou na correspondência da Comissão Europeia a questão da privatização, eu não me recordo de lá estar. Pode estar, mas eu não me recordo”, afirmou o ex-administrador, que exerceu funções na TAP durante quatro meses em 2021.
Em resposta ao deputado Bernardo Blanco (Iniciativa Liberal), João Gameiro salientou que, quando foi CFO, “era impossível a TAP levantar dinheiro no mercado privado”, por ter uma estrutura financeira “muito desequilibrada” e “perspetivas de recuperação [da pandemia] da covid mais demoradas do que os seus comparáveis”.
Questionado assim se, quando a TAP recorreu a um empréstimo do Estado no valor de 1.200 milhões de euros, já se sabia que o dinheiro não iria ser devolvido aos contribuintes, João Gameiro referiu que, para conseguir devolver esses 1.200 milhões de euros, a companhia teria de os “levantar noutro local qualquer”, o que na altura era impossível.