O presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA), Jorge Alves, considera que a falta daqueles profissionais na TAP, que tem perdido trabalhadores para a concorrência, põe em causa a normalidade da operação no verão.
“O número de técnicos existente neste momento já tem dificuldade em dar resposta à operação nesta fase mais calma, pelo que será muito complicado garantir a normalidade numa fase tão exigente para as companhias aéreas no verão”, afirmou Jorge Alves, em entrevista à agência noticiosa portuguesa ‘Lusa’.
Segundo o dirigente sindical, a TAP conta atualmente com 800 técnicos de manutenção de aeronaves (TMA), que continuam a sair para outras companhias aéreas que oferecem melhores condições.
Depois de ter perdido 50 TMA para outras companhias aéreas, em 2022, a TAP informou, em 25 de janeiro, numa comunicação interna a que a ‘Lusa’ teve acesso, que tinha fechado um acordo com o SITEMA e o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), com o objetivo de criar as condições para reter aqueles profissionais, e que inclui alguns “ganhos acrescidos”.
Ainda assim, segundo Jorge Alves, “as condições oferecidas pelas empresas concorrentes são de tal forma superiores, que, mesmo com o plano de retenção, as pessoas continuam a sair”.
De acordo com o SITEMA, para fazer face às necessidades, a TAP precisa de contratar “pelo menos, mais 200” TMA, mas, apesar de os concursos de recrutamento para o Verão estarem abertos, “o número de candidaturas é ínfimo”.
O principal obstáculo à contratação, referiu, são “as condições remuneratórias muito abaixo da média do mercado”.
Quanto à possibilidade de a TAP vir a recorrer novamente à contratação externa, através dos chamados contratos de aluguer de aeronaves em regime ACMI (sigla inglesa para avião, tripulação, manutenção e seguro), para garantir a operação de verão, o SITEMA vê a hipótese “com maus olhos”.
“Esta empresa está a desperdiçar o seu valioso know-how [conhecimento] para contratar serviços de qualidade inferior ao seu padrão, com custos mais elevados”, vincou Jorge Alves.