“Face às várias notícias, declarações e comentários, recentemente tornados públicos, relativos à participação da Força Aérea Portuguesa no combate aos incêndios que têm vindo a assolar o país” este ramo das Forças Armadas Portuguesas distribuiu neste domingo, dia 14 de agosto, um comunicado oficial que define o seu posicionamento sobre o tema.
A nota de imprensa pretende também esclarecer tudo quanto foi feito pelos seus comandos e militares ao longo da última semana em que se viveu uma situação anómala e muito grave, quer no território continental, com maior incidência no Centro e Norte, quer na Região Autónoma da Madeira, onde um incêndio florestal desceu a encosta da cidade do Funchal e se tornou em urbano, destruindo mais de 200 habitações, estabelecimentos comerciais, oficinas e um hotel de cinco estrelas, desalojando cerca de 1.000 pessoas, e, pior que tudo, provocando três mortos e dezenas de feridos hospitalizados.
Também nos mídia portugueses, na última semana tem sido notório o debate à volta dos meios aéreos disponíveis para o combate aos fogos, nomeadamente a escassez de aeronaves e a sua eficácia, numa situação em que estiveram ativos muitas dezenas de fogos. No calor dos debates voltou a ser apontada a necessidade da Força Aérea Portuguesa ter equipamento adequado para combater fogos.
É do seguinte teor o comunicado distribuído pela Força Aérea Portuguesa:
“Atualmente, a Força Aérea não possui meios aéreos que permitam a realização de missões de combate a incêndios. Não é igualmente praticável proceder a adaptações que possibilitem a qualquer das frotas em operação, a execução desse tipo de missões.
A partir de 1982, a Força Aérea operou um sistema modular aplicável à frota C-130H Hércules, denominado MAFFS (Modular Airborne Fire-Fighting System), equipamento que permitia adaptar aquelas aeronaves à realização de missões de combate direto (largada de água) e indireto (largada de calda retardante) a incêndios. Porém, fruto da reorganização de meios de combate a incêndios, sob a tutela da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), esse sistema foi descontinuado há cerca de 20 anos e, atualmente, é inexistente.
A capacidade para realização de missões de combate direto a incêndios, que implica, naturalmente, a qualificação de tripulações e de pessoal de manutenção, para além da definição do respetivo conceito de operações, poderá, no entanto, vir a materializar-se faseadamente, num futuro próximo, no âmbito dos vários projetos de reequipamento em curso, designadamente, ao nível da substituição do C-130H Hércules e da renovação da frota de helicópteros ligeiros.
Todavia, realça-se que, na última semana, a Força Aérea colocou à disposição da ANPC todos os meios e recursos disponíveis, no sentido de apoiar ativamente, o combate ao flagelo dos incêndios. Essa colaboração concretizou-se até à data como se segue:
Madrugada de 10AGO16 – Ponte aérea para o Funchal. Quatro voos de C-295M Montijo-Funchal-Montijo. Transportados 127 passageiros (ANPC, GNR, Bombeiros e INEM) e 3,5 toneladas de carga. Efetuadas 20:40 horas de voo;
Tarde de 10AGO16 – Voo de C-130H Montijo-Funchal-Montijo. Transportadas 5,2 toneladas de carga. Efetuadas 04:35 horas de voo;
11AGO16 – Voo de reconhecimento do teatro de operações da Calheta, realizado por helicóptero EH-101 Merlin do Destacamento Aéreo da Madeira a partir de Porto Santo;
11AGO16 – Cedência de um equipamento pesado (Máquina de Rasto) e respetivos operadores, empregue no teatro de operações de Arouca;
Apoio logístico aos meios aéreos disponibilizados por parceiros internacionais: dois Canadair Marroquinos (chegada em 10AGO16), um Canadair Italiano (chegada em 11AGO16), dois Beriev da Federação Russa (chegada em 13AGO16). Esse apoio logístico traduz-se no Parqueamento e reabastecimento das aeronaves e sustentação das tripulações na Base Aérea nº 5, em Monte Real e também no reabastecimento alternativo às aeronaves, no Aeródromo de Manobra Nº 1, em Ovar;
Já hoje, a Força Aérea empregará, adicionalmente, três meios aéreos: 1 C-130H e 1 C-295M que executarão a retração para o Continente do dispositivo de pessoal e material transportado para a Madeira no dia 10, e um voo adicional de C-295M que sairá da Base Aérea Nº 4, Lajes – Açores, para retrair igualmente bombeiros e material que projetaram dos Açores para a Madeira em reforço ao combate aos incêndios naquela ilha.
Os meios e recursos da Força Aérea permanecerão em prontidão, no sentido de continuar a responder a qualquer solicitação da ANPC.”
- Na imagem vemos um C-130 Hercules da FAP no Aeroporto da Madeira fotografado neste domingo, dia 14 de agosto. Foto © José Luís Freitas.
Como é seu timbre a Força Aérea relatou a verdade dos factos: não está preparada com aeronaves, técnicos de manutenção/voo adequados ao combate aos fogos florestais. Não sendo possível haver uma acção directa nos fogos, o que na generaalidade, o cidadão comum pretende, é que termine a participação de empresas privadas ou semi-privadas, porque para além de ter custos muito mais elevados, o seu comportamento antes/durante/depois das operações aéreas é dúbio. Se não, atentemos aos processos judiciais que correm os seus termos e a informações veiculadas pelos órgãos de Comunicação Social.