O fornecedor de primeira linha GKN Aerospace reforçou a sua posição no sector “clássico” das asas e aeroestruturas em compósito com o takeover da Fokker Technologies por 706 milhões de euros, adquirindo igualmente a sua entrada e capacidade em cablagens eléctricas, domínio que a companhia acredita ser altamente valorizado à medida que os aviões se tornam cada vez mais eléctricos. Kevin Cummings, CEO da GKN, disse à “Flightglobal” que o negócio de cabos e interligações da Fokker Elmo é, provavelmente, o número 3 do mercado, e muito forte em design e sistemas de integração. Esta capacidade alarga o alcance do mercado para a GKN, colocando a empresa “numa boa posição” à medida que os aviões adoptam mais sistemas eléctricos e, ultimamente, os designers procuram poupar peso e aumentar a performance inserindo os sistemas eléctricos nas estruturas em compósito.
A Fokker, fundada em 1919 é especialista no desenho, desenvolvimento e produção de estruturas ultraleves para aviação, sistemas de cabos eléctricos de interconectividade, e trens de aterragens. Com cerca de cinco mil empregados espalhados por diversas fabricas em todo o mundo.
Kevin Cummings descreve a Fokker como “complementar” em termos de tecnologia de estrutura em compósito. Tal como a força da GKN reside nos compósitos térmicos, a Fokker é conhecida pelos seus painéis com revestimentos de “Glare” tipo sandwich usados no Airbus A380 e outros tipos de aviões, sendo um líder de mercado em termoplásticos. Em conjunto, a GKN terá “provavelmente a mais completa base de compósitos para aeroestruturas”, concluiu.
A Fokker também reforça a tecnologia da GKN no segmento dos trens de aterragem, como parte envolvida da Holanda nos programas do Lockheed Martin F-35 e do NH90, onde a experiência em compósitos da GKN será benéfica. O acordo também dará à GKN uma oportunidade para investir na Ásia. A Fokker tem cerca de 1000 trabalhadores na China, Índia e Turquia, o que localiza 8 a 10% da sua força de trabalho global na Ásia. Cerca de um quarto do volume de negócios da Fokker – 758 milhões de euros, em 2014 – está no mercado de pós-venda da frota Fokker. Embora a GKN tenha o seu próprio negócio de pós-venda de motores – um sector que reforçou em 2012, com a aquisição da Volvo Aero por 633 milhões de libras (904 milhões de euros) – o plano consistirá em juntar as duas unidades em busca de crescimento e no sentido de se tornar “num operador inteligente nesta área”. Ao contrário dos takeovers da Volvo Aero e da unidade de asas da Airbus em Filton (comprada por 136 milhões de libras/194 milhões de euros, em 2009), o negócio da Fokker representa uma saída bem sucedida para os investidores que a adquiriram nos anos que antecederam a crise de 2008 e tentaram vendê-la a seguir ao crash de 2008. A Arle Capital, dona da Fokker, diz que a venda “é um êxito para os investidores pela valorização acima do que existia quando a Arle ficou com a gestão do anterior dono, os fundos Candover”. O negócio ainda está sujeito à aprovação do regulador, mas deverá ficará concluído no quarto trimestre do ano. A sede da Fokker continuará na Holanda.