Mário Centeno, ministro das Finanças do Governo Português, disse nesta terça-feira, dia 12 de maio, que não vê motivos para a nacionalização da TAP: “Não vejo neste momento nenhuma empresa que tenha a necessidade imperiosa e inultrapassável de ser nacionalizada”, afirma em entrevista à estação de rádio TSF.
Questionado sobre o cenário de injetar dinheiro fresco na transportadora, Mário Centeno confessa que “devemos sempre estar preocupados quando resolvemos dinheiros públicos” mas sublinha que “não agir é quase tão errado como agir de forma despropositada. No caso da TAP, que é uma empresa com uma importância estratégica para Portugal, devemos sempre dar a maior atenção a essa situação”.
Mário Centeno recorda que “a TAP há muitas décadas não recebe dinheiro público” e revela que o governo já iniciou “reuniões com a Comissão Executiva da TAP para perceber a dimensão do problema” e admite que ainda não tem uma noção da dimensão do problema na companhia aéreo: “não temos um número”, afirma, realçando que “mais do que o número precisamos de saber quando é que esses montantes são estritamente necessários”. O ministro disse na TSF que espera que a administração da TAP torne a situação mais clara “até ao final deste mês”.
A TAP fez um primeiro levantamento sobre a sua atual situação económico-financeira, em decorrência da pagarem provocada pela pandemia de covid-19, e entregou um relatório à ANAC – Autoridade Nacional de Aviação Civil, na qual solicita cobertura governamental para um empréstimo internacional que pretende negociar com dois bancos, um chinês e outro espanhol. Contudo, há algumas discordâncias, entre a atual administração, controlada pelos dois sócios privados (45%), por acordo com o Governo que detém a maioria de capital, sem contudo ter a responsabilidade de gestão, e o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que se tem manifestado contra o atual modelo de gestão.
Para ultrapassar estes problemas, o Governo nomeou uma comissão que está a negociar, desde sexta-feira passada, o processo de recuperação da companhia, tendo como coordenador do lado governamental João Nuno Mendes, ex-presidente da empresa ‘Águas de Portugal’, segundo anunciou o jornal ‘Expresso’ na sua edição digital. A escolha de João Nuno Mendes foi articulada com o primeiro-ministro António Costa, diz o jornal. Tem larga experiência em grandes empresas portuguesas, públicas e privadas, e foi assessor económico de António Guterres quando era Chefe do Governo em Portugal, e depois secretário de Estado do Planeamento, também num governo liderado por Guterres, presentemente secretário-geral da Organização das Nações Unidas.
- Foto © João Chaves