Governo de Maduro não responde aos pedidos da TAP para voos humanitários

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A Venezuela não tem respondido aos pedidos de autorização para que a TAP realize voos humanitários entre Caracas e Lisboa, apesar de ter autorizado outras companhias, disse à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ o embaixador de Portugal na capital venezuelana.

“Nós, a TAP e a nossa embaixada em nome da TAP, fizemos um pedido para dois voos humanitários em dezembro e dois voos humanitários em janeiro. O primeiro voo do mês de dezembro teria saído hoje. Infelizmente não se realizou porque as autoridades venezuelanas ainda não nos deram resposta, não obstante as insistências e os pedidos que temos feito para que permitam esses voos”, disse na semana passada o diplomata Carlos de Sousa Amaro.

A comunidade portuguesa da Venezuela é constituída por pessoas idosas com fracas possibilidades de locomoção e ainda por uma larga percentagem de pessoas de origem madeirense, que pretendem ir passar o Natal com as suas famílias na Madeira e têm dificuldade em fazer voos longos e também os transbordos, várias vezes, até poder chegar” à ilha portuguesa.

“O nosso pedido infelizmente até agora não tem sido atendido”, sublinhou o diplomata. Questionado sobre qual poderá ser o motivo para tal situação, Carlos de Sousa Amaro frisou: “não faço a mínima ideia. A nossa Embaixada tem feito várias insistências, mas até agora não temos tido qualquer resposta”.

 

TAP mantém dois voos de carga semanais entre Lisboa e Caracas

Trata-se de uma questão que penaliza muitos portugueses que vivem na Venezuela, mas que é também intrigante. Desde há cerca de um ano que a TAP tem uma linha regular de voos cargueiros entre Lisboa e Caracas, através da TAP Cargo, com aviões próprios, com uma média de dois voos diretos semanais. Segundo disseram ao ‘Newsavia’ alguns empresários portugueses fixados desde há vários anos na Venezuela, que dominam o negócio de abastecimento de supermercados e restaurantes, os voos têm decorrido em completa normalidade e têm sido uma mais-valia para os dois países, em termos de abastecimento desse segmento de mercado, nomeadamente numa classe média alta, que com a dolarização do país, consegue ter acesso a produtos de alta qualidade. A prova é que, não obstante a crise político-social que se vive na Venezuela, os supermercados estão bem abastecidos e com grande destaque para os melhores produtos portugueses. E existe poder de compra nessa classe da população, num país que sempre foi, ao longo dos anos, mesmo antes da implantação da Revolução Chavista, de grandes desigualdades sócio-económicas.

Os voos da TAP Cargo têm levado também muitas encomendas de pessoas que se encontram a residir em Portugal e que deixaram na Venezuela familiares, a quem enviam sobretudo medicamentos e outros artigos de primeira necessidade, de acesso mais difícil, sobretudo por parte das camadas de população em dificuldades económicas, e que escasseiam em Caracas.

Há uma questão política que tem de ser ultrapassada, entre os dois governos – Portugal e Venezuela – e os empresários de origem portuguesa que residem neste país sul-americano, apontam para o facto do atual presidente do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) da Venezuela, o major-general Juan Teixeira Dias, ser descendente de portugueses, e se afigurar como um eventual mediador capaz de sensibilizar as autoridades venezuelanas a autorizarem a reentrada da TAP na rota da Venezuela, no que concerne ao transporte de passageiros. Desconhece-se, contudo, se terá havido algum contacto que, a existir, naturalmente, não será de domínio público, pelo menos nesta ocasião.

 

Viagem entre Caracas e Madeira poderá demorar cerca de 24 horas

“No caso de alguém que vai para a Madeira, terá que ir até Istambul, o que são mais quatro horas e meia de voo até lá (12 horas em total) e depois mais quatro horas de voo até Lisboa, para além do voo entre Lisboa e a Madeira. Torna-se uma viagem bastante longa e muito cansativa, especialmente para pessoas já com alguma idade”, disse o embaixador português ao delegado da agência ‘Lusa’ em Caracas. Contando com escalas em aeroportos, o passageiro demorará cerca de 24 horas a chegar à ilha da Madeira, quando se fosse um voo direto, como em anos passados a TAP realizou, demoraria cerca de sete horas. Mesmo com escala em Lisboa, se fosse num voo direto da TAP para a capital portuguesa o tempo de viagem, somando voos e escala demoraria cerca de 12 horas, em média.

O embaixador Carlos de Sousa Amaro explicou que há ainda as alternativas via Moscovo (Rússia) e via Punta Cana (República Dominicana), mas que nenhuma delas “é tão boa como diretamente de Caracas para Lisboa ou de Lisboa para Caracas”.

Vários agentes de viagem, consultados pela agência ‘Lusa’, explicaram que a comunidade portuguesa local tem perguntado frequentemente pela retoma dos voos diretos a Portugal. Também que não entendem qual o motivo por que várias companhias foram autorizadas a fazer voos aéreos na época do Natal, nomeadamente entre Caracas e Madrid.

As “operações da aviação comercial, aviação geral e privada” continuam restringidas na Venezuela, uma medida que segundo o Instituto Nacional de Aviação Civil tem a ver com o cumprimento das diretrizes do Governo para “garantir a saúde dos cidadãos que residem no país, através de políticas que permitam atenuar os efeitos gerados pela pandemia da covid-19”.

Segundo o INAC “de maneira excecional, são autorizadas as operações aéreas comerciais para o transporte de passageiros, carga e correio entre a Venezuela e os países irmãos da Turquia, México, Panamá, República Dominicana, Bolívia e Rússia”.

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