O avião de combate a incêndios Air Tractor AT802AF Fire Boss, que caiu na passada sexta-feira, dia 15 de julho, na Quinta do Crasto, em Castelo Melhor, concelho de Foz Coa, distrito da Guarda, “iniciou um movimento abrupto com nariz e asa direita em baixo”, perdeu o controlo e despenhou-se, antes de fazer aquela que seria a “última descarga” de água no combate a um incêndio florestal, na localidade de Urros, Torre de Moncorvo, distrito de Bragança, no norte de Portugal.
A informação consta de uma nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) divulgada nesta segunda-feira, dia 18 de julho, em Lisboa, e a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso.
André Serra, de 38 anos de idade, ex-piloto da Força Aérea Portuguesa e único tripulante da aeronave, morreu no acidente.
Pelas 18h45 dessa sexta-feira, “após informação às equipas no terreno de que realizariam a última descarga do dia”, a aeronave pilotada por André Serra (A01) seguido do A09 [segunda aeronave com quem fazia parelha] “fizeram uma última aproximação para carga de água, seguindo o mesmo trajeto das anteriores”, relata a Nota Informativa do GPIAAF.
“Segundo testemunhas, após realizar a carga no rio, o A01, na linha de subida em volta pela direita, já após ter livrado o monte da margem esquerda do rio Douro, com uma cota de cerca de 330 metros, iniciou um movimento abrupto com nariz e asa direita em baixo. Tal movimento foi imediatamente seguido pela ação do piloto com a abertura em emergência da carga de água transportada”, refere o GPIAAF.
“Decorrente da perda de controlo e sem recuperar a atitude”, a investigação refere que “a aeronave colidiu inicialmente com a semi-asa direita num primeiro socalco, continuando com uma dinâmica de dissipação de energia pelos patamares seguintes imobilizando-se a 45 metros do ponto de contacto inicial”.
“As evidências sugerem que o motor estava a debitar potência no momento do impacto com o solo”, lê-se na Nota Informativa.
Após a imobilização, a aeronave incendiou-se e foi consumida pelas chamas.
A tripulação de uma aeronave Canadair que se encontrava no mesmo teatro de operações e a seguir trajetória semelhante sobre o rio visualizou a queda e consequente incêndio do Fire Boss pilotado por André Serra.
O GPIAAF conta que este Canadair seguiu imediatamente para o local “onde realizou uma largada de água sobre os destroços da aeronave, seguido do A09 que, entretanto, se posicionou e procedeu de forma semelhante”.
O GPIAAF refere ainda na Nota Informativa que André Serra “manteve as comunicações bilaterais” com as equipas de combate ao incêndio no terreno e com o Fire Boss com quem fazia parelha [A09], “sendo que durante todo o voo nada foi reportado pelo piloto sobre algum problema ou limitação da tripulação ou aeronave”.
Segundo a investigação, o piloto “estava devidamente autorizado e certificado para a condução do voo” e a “aeronave estava autorizada a voar de acordo com os regulamentos em vigor”.
Entre outros aspetos, a fase seguinte da investigação do GPIAAF vai debruçar-se sobre “os fatores organizacionais e procedimentos envolvidos na operação de combate aos incêndios, o envelope de voo e condicionantes locai, os fatores humanos referentes ao tripulante da aeronave acidentada e o funcionamento da aeronave no pré-evento, incluindo a análise ao motor”.
Pelas 17h20 de sexta-feira, foi ativada a parelha de aeronaves de combate aos incêndios Fire Boss baseados no aeródromo de Viseu, com indicativos A01 e A09, tendo descolado em direção a um incêndio que lavrava a noroeste da localidade de Urros, em Torre de Moncorvo.
Até ao momento do acidente, a “operação terá decorrido com normalidade, com a realização de vários circuitos de recolha e largada de água com trajetórias semelhantes”, refere ainda o GPIAAF.