Cerca de metade dos voos da companhia irlandesa de baixo custo Ryanair com partida e chegada aos aeroportos do continente português foram cancelados devido à greve dos tripulantes de cabina, anunciou o Sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil na manhã desta quarta-feira, dia 25 de julho.
A informação foi prestada à agência de notícias ‘Lusa’ por Bruno Fialho, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) que adiantou que na terça-feira, dia 24, vários tripulantes de cabina portugueses receberam uma carta da empresa com ameaças.
“Ontem [terça-feira] houve a pior das situações ilegais: Foi uma coação sobre os trabalhadores. Foi enviada uma carta ameaçando os mesmos de que se não fossem voar em dias de folga e que batiam nos dias da greve iriam ser despedidos. Isto em Portugal é crime e não sei o que o Governo português pretende fazer sobre todas as provas que já foram apresentadas da conduta que a Ryanair tem com os trabalhadores portugueses”, adiantou.
O sindicalista destacou que a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem feito um bom trabalho com os meios que tem.
Por isso, “apelamos ao Governo que é quem tem todos os meios possíveis para solucionar e para terminar com estas situações de abuso, como nestes casos. Há uma ameaça de despedimento caso os trabalhadores façam greve e obriga os tripulantes a trabalhar em dias de folga”, disse.
A Ryanair tem estado envolvida, em Portugal, numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no início de abril.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases.
A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve. Por essa razão, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem, “desde a semana passada, vindo a acompanhar esta situação e a desenvolver todos os passos necessários para identificar situações que possam, eventualmente, ferir a legalidade do nosso quadro constitucional do direito à greve”, acrescentou.
No domingo passado, a ACT anunciou ter desencadeado uma inspeção na Ryanair em Portugal para avaliar as irregularidades apontadas pelo SNPVAC.
A decisão de partir para a greve foi tomada a 5 de julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.
Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.