Grupo Lufthansa desiste de consórcio para salvar a Alitalia

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O grupo de aviação comercial europeu Lufthansa, de matriz alemã, e a empresa pública que tem a concessão dos caminhos de ferro da Itália, Ferrovie delo Stato (FS), desistiram da formação de um consórcio para adquirir a companhia aérea italiana Alitalia, que se encontra agora numa posição económica-financeira muito crítica. Analistas do sector, quer na Itália, em particular, quer na Europa, em geral, estão muito pessimistas sobre o que poderá acontecer à transportadora aérea italiana, que desde 2002 não apresenta um exercício com lucros.

Há praticamente duas décadas que a Alitalia vive uma situação apertada, em termos económicos, por fatores vários, em que têm se destacado as constantes crises económicas e político-sociais verificadas na Itália, com maior prevalência nos últimos 10 anos, e que têm arrastado a companhia para uma situação desesperada.

Esta semana, Joerg Eberhart, presidente do grupo Lufthansa, foi recebido pela Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados da Itália, onde reiterou que a maior empresa de aviação civil do país precisa de uma “profunda reestruturação”.

Joerg Eberhart foi a Roma a convite da empresa ferroviária, na perspectiva de ser negociada uma parceria que pudesse salvar a Alitalia. Uma parceria que poderia incluir outras empresas estrangeiras. Mas o gestor alemão anunciou que face aos elementos disponíveis, a resposta é negativa, pois foi categórico ao afirmar que a Lufthansa não investirá enquanto a concorrente italiana não passar por um processo de saneamento financeiro e operacional, que possa mudar radicalmente a atual estrutura de funcionamento da Alitalia.

“Estamos convencidos de que é inevitável uma profunda reestruturação da Alitalia. Apenas assim ela ganhará o tempo necessário e, partindo de uma posição de força, poderá escolher livremente entre os três sistemas de transporte aéreo mais fortes na Europa”, disse Joerg Eberhart, em referência à Lufthansa, Air France-KLM e ao Grupo IAG, dono da British Airways e da Iberia, entre outras companhias europeias.

A Alitalia está sob intervenção do governo desde maio de 2017 e mantém-se operacional graças a 1,3 mil milhões de euros em empréstimos públicos, uma quantia que deverá ser restituída aos cofres do Estado Italiano no momento de uma eventual venda.

A última negociação envolvia um consórcio liderado pela FS e que também contava com a holding rodoviária Atlantia e a companhia norte-americana Delta Air Lines, mas as partes não conseguiram chegar a um acordo sobre o plano de negócios. Antes o grupo Etihad, dos Emiratos Árabes Unidos, já tinha comprado parte do capital da Alitalia, mas não conseguiu recuperar a empresa.

Os falhanços na constituição de um consórcio que possa concorrer à privatização da companhia aérea italiana, levou o Governo de Roma a adiar mais uma vez o prazo final para a venda da Alitalia, desta vez para 31 de maio de 2020.

“Apesar de encontros positivos com a FS e a Atlantia, não encontrámos ainda um plano comum que permita à Lufthansa propor um investimento”, disse Joerg Eberhart, também presidente executivo da companhia italiana Air Dolomiti, subsidiária do grupo alemão, citado pela agência de notícias ‘Ansa’.

“Do nosso ponto de vista, é mais vantajoso fazer uma parceria forte do que um investimento”, acrescentou o gestor alemão. A Alitalia foi privatizada e hoje tem 51% de suas ações nas mãos da holding Compagnia Aerea Italiana (CAI) e 49% com o grupo árabe Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos. Foi submetida a uma intervenção governamental em 2017, quando esteve à beira da bancarrota. Desde há mais de dois anos que a Alitalia vive de empréstimos públicos que garantem a sua sobrevivência. Está a ser gerida por um grupo de administradores nomeados pelo governo. Em dezembro passado o ministro das Finanças da Itália anunciou que a Alitalia estava a perder dois milhões de euros por cada dia de operação.

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