A holding da companhias aéreas Ryanair anunciou nesta segunda-feira, dia 1 de fevereiro, que registou prejuízos líquidos de 306 milhões de euros no terceiro trimestre fiscal, entre outubro e dezembro de 2020, contra um lucro de 88 milhões de euros no mesmo período de 2019.
Num relatório de contas sobre a atividade das suas companhias, o Grupo Ryanair diz que enfrentou o ano “mais difícil” da sua história, devido à pandemia da covid-19, e que as perdas podem aproximar-se dos 1.000 milhões de euros neste período fiscal, que termina em 31 de março próximo, de acordo com o calendário contabilístico anglo-saxónico.
As receitas do grupo caíram 82% face ao terceiro trimestre de 2019, para 340 milhões de euros, face a uma queda de tráfego de 78% para 8,1 milhões de passageiros, resultado das restrições impostas às viagens aéreas devido à pandemia tiveram um forte impacto na procura de bilhetes e o seu movimento de passageiros
As companhias aéreas do Grupo Ryanair continuam a implementar reduções de custos. Em dezembro passado o grupo aumentou a sua encomenda firme dos Boeing 737-8 200 ‘Gamechanger’ [designação que a Ryanair adotou para o B737 MAX 8 em versão especial com mais assentos] em 75 unidades para um total de 210 aviões. Estes aviões amigos do ambiente têm 4% mais lugares, e consomem 16% menos combustível e reduzem as emissões sonoras em 40%.
Neste Inverno, as companhias aéreas do Grupo irão devolver 14 aviões B737 mais antigos às empresas de aluguer no final dos respectivos contratos. A Ryanair concluiu recentemente a entrega de sete aviões B737NG mais antigos (pré-vendidos em 2019) para conversão em cargueiros.
As equipas de Desenvolvimento de Rotas do grupo estão a trabalhar com vários parceiros aeroportuários em incentivos de recuperação/crescimento. No trimestre que agora terminou foi anunciada a criação de uma base em Paris Beauvais, com dois aviões, tenho sido acrescentado um quarto avião à base de Nápoles para o Verão deste ano. Foi também anunciada a abertura de uma nova base em Veneza Treviso, com quatro aviões, e aumentada a rede de rotas e frequências para Veneza Marco Polo, Verona e Bari. O grupo confirmou a reabertura da base de Shannon, na República da Irlanda, prevista para o Verão deste ano.
Recentemente, a Ryanair concluiu uma extensão de quatro anos do seu acordo de crescimento de baixo custo em Londres Stansted até 2028, onde assegurou a carteira de slots que estava atribuída a sete aviões da EasyJet, estendendo a liderança do grupo no principal mercado londrino de baixo custo.
“Tal como anunciámos em 7 de janeiro, a Ryanair prevê que os últimos confinamentos e a introdução do requisito dos testes de covid-19 conduzirão a uma redução do calendário de voos e do tráfego até à Páscoa. A previsão de tráfego para todo o ano situa-se entre 26 e 30 milhões de passageiros”, afirma a empresa no comunicado.
O grupo insiste que a crise sanitária continua a “causar estragos no setor”, pelo que prevê que as perdas durante este ano fiscal se situem entre 850 e 950 milhões de euros. “Este exercício financeiro de 2021 continuará a ser o mais difícil dos 35 anos de história da Ryanair”, destaca o comunicado do grupo.
O Grupo Ryanair [Ryanair Holdings, plc] é constituído por quatro companhias aéreas – Buzz (registo na Polónia), Lauda (Áustria), Malta Air (Malta) e Ryanair (Irlanda) – que transportaram no último ano fiscal pré-covid (abril de 2019 a março de 2020) 149 milhões de passageiros. Os planos do grupo era atingir os 200 milhões em cinco anos, objetivo que, agora, se afigura difícil.
No início da pandemia as companhias Ryanair tinham uma rede de 1.800 rotas, com 2.500 voos diários, à partida de 79 bases em 40 países da Europa e do norte de África, servidas por 470 aviões Boeing 737-800.
Os números atualmente são bem diferentes e estão em constante alteração, de acordo, também, com o agravamento ou levantamento das restrições e quarentenas ordenadas pelas autoridades de saúde dos países para onde as companhias voam.