Hainan Airlines entra no capital da TAP através da AZUL

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Os chineses da Hainan Airlines (HNA) vão ser acionistas da TAP, através do consórcio privado ‘Atlantic Gateway’, dos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, anunciou neste sábado, dia 13 de fevereiro, o jornal ‘Expresso’ na sua edição impressa semanal.

A autorização do Governo Português está dada no memorando assinado na semana passada, em Lisboa, de que só foi divulgada uma síntese que omite o acordo. Mas o ‘Expresso’ teve acesso ao documento, onde o negócio é explícito.

“O Estado português autoriza desde já a entrada no capital social da Atlantic Gateway pela HNA, em percentagem a acordar entre os acionistas da Atlantic Gateway e a HNA”, refere o documento, que destaca ainda que estando previsto o financiamento de €120 milhões à empresa, dos quais €30 milhões pelo Estado e €90 milhões pelo consórcio privado, “o Estado português autoriza igualmente que a HNA possa vir a subscrever diretamente parte das obrigações”, sendo que “os direitos que neste memorando de entendimento se referem à Azul se referirão à HNA”.

O jornal conclui que o novo dinheiro que vai ser emprestado à TAP será chinês. E como essas obrigações serão transformadas em ações, a HNA poderá ficar indiretamente com 10% a 13% da TAP, embora a proporção tenha de ser definida de forma a não pôr em causa a regra de controlo europeu.

Segundo refere o ‘Expresso’, após a recompra por parte do Estado das acções que pertenciam ao consórcio privado, de forma que a participação pública some 50%, conforme decidiu o novo Governo português de inspiração socialista, a outra parte (45%) que pertence aos privados será agora subscrita pelos empresários português Humberto Barbosa (Grupo Barraqueiro) o norte-americano David Neeleman (que controla a AZUL Linhas Aéreas Brasileiras e que tabé tem nacionalidade brasileira) e pela HNA.

O jornal português recorda que o grupo oriental, um dos maiores conglomerados económicos da China e da Ásia, com interesse em diversos sectores, nomeadamente nos transportes aéreos e marítimos, e também na gestão de aeroportos, adquiriu recentemente 23,75% do capital da AZUL. No ano passado o grupo HNA comprou também a Swissport, que é considerada a maior empresa mundial de logística em aeroportos, nomeadamente no segmento de ‘handling’ de aviões e de passageiros.

Com este acordo e consequente entrada da Hainan Airlines na TAP, Pedrosa e Neeleman vêm a sua vida facilitada no que concerne ao financiamento que assumiram para operacionalizar a companhia aérea portuguesa. Por outro lado, e na parte brasileira do negócio, a AZUL poderá nem entrar no capital da TAP, mas irá ficar indirectamente com uma avultada percentagem dos direitos económicos da companhia aérea portuguesa.

A TAP tem uma dívida bancária de 646,7 milhões de euros  a que se juntam mais 120 milhões do empréstimo subscrito no final do ano passado pela ‘Atlantic Gateway’ para financiamento da tesouraria da companhia portuguesa, que vence em dois anos, explica ainda o ‘Expresso’ que adianta que o contrato de promessa para a compra e venda das acções deverá ser celebrado até final do próximo mês de abril deste ano.

Em Lisboa, destaca o jornal, há quem desconfie que a AZUL foi o ‘Cavalo de Tróia’ para os chineses entrarem na TAP. Contudo, é certo que Neeleman desde o ano passado que vinha negociando com os chineses. Outro fato interessante é o do anterior Governo português (até outubro de 2015), dominado por um bloco político de centro-direita, ter sugerido diversas vezes uma maior aproximação de Lisboa às companhias aéreas da China. António Pires de Lima, então ministro da Economia enviou mesmo uma carta à Administração da Hainan Airlines a sugerir que estudassem a abertura de uma linha aérea direta para a capital portuguesa. Neeleman tem a mesma opinião, mas a sua intenção, no fundo, é ligar o Brasil e a sua AZUL ao Oriente através do hub de Lisboa. Presentemente a Air China voa de Pequim para Guarulhos/São Paulo, com escala em Madrid.

O ‘Expresso’ escreve ainda neste sábado que por via destas ligações e partilhas de negócios, será aberta brevemente uma nova rota aérea entre Portugal e a China.

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