A companhia latino-americana LATAM Airlines vai deixar de voar para a Venezuela já a partir do dia 1 de Agosto.
Não obstante ser um fato esperado, a decisão da Administração da maior companhia aérea dos países latino-americanos (criada pela fusão da LAN Airlines e da TAM Linhas Aéreas) foi anunciada de forma invulgar, através dos funcionários e colaboradores do grupo no Aeroporto Internacional Simón Bolívar, que dá acesso à cidade de Caracas: deixaram-se fotografar junto de um cartaz que anuncia o último voo para o dia 30 de julho. E publicaram a imagem nas redes sociais.
Trata-se de mais um revés para a Venezuela, que passa presentemente por uma situação económica, política e social muito agitada, com efeitos bastante graves e já bem conhecidos entre a população. A falta de divisas e de liquidez financeira do País para compensar as transferências das receitas das companhias aéreas nos últimos quatro anos tem provocada a demandada das transportadoras, não só da América como também da Europa. Muitas optaram por diminuir as frequências, mas nem assim conseguem reaver parte do dinheiro que têm parado na Venezuela. A TAP Portugal, por exemplo, que no Verão de 2014 teve seis voos por semana reduziu neste ano para dois, e as passagens são vendidas em moeda forte (dólares ou euros), precisamente para fugir aos problemas da transferência de divisas. Nas contas da TAP de 2015 foi registada uma perda de cerca de 90 milhões de euros, por força das contingências cambiais na Venezuela.
Estima-se que as companhias aéreas associadas na IATA tenham a haver do Governo de Caracas mais de três mil milhões [bilhões no Brasil] de dólares norte-americanos.
A LATAM, aliás, já tinha alertado que as linhas de Venezuela, no ano passado, foram responsáveis pelo impacto de 41 milhões de dólares, um valor que foi dado como perdido nas contas fechadas a 31 de dezembro passado, segundo fontes da Administração Federal dos EUA que tem acompanhado com atenção as questões que se relacionam com a Venezuela.
