O presidente da Câmara de Leiria, no centro de Portugal, mantém igual posição quanto à abertura da Base Aérea de Monte Real ao tráfego civil, reiterando que uma solução a norte do Rio Tejo para o futuro aeroporto principal do País é mais benéfica para a região.
“Relativamente a Monte Real, a nossa posição em defesa da abertura à aviação civil mantém-se. Consideramos, inclusivamente, que o anúncio do projeto de alta velocidade, que contempla Leiria com uma paragem, reforça esta nossa posição, dado que Leiria ficará a apenas 40 minutos de Lisboa”, afirmou na terça-feira, dia 18 de outubro, à agência de notícias ‘Lusa’ Gonçalo Lopes.
Para o autarca socialista, também presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), “perante este novo contexto, Monte Real poderá dar um contributo para a resolução do estrangulamento que Portugal regista neste momento no que diz respeito à capacidade aeroportuária”.
O Governo aprovou, em setembro passado, em Conselho de Ministros, uma resolução que determina a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto de Lisboa e criou a comissão técnica para estudar cinco soluções.
Em causa, está a solução em que o Aeroporto Humberto Delgado fica como aeroporto principal e o Montijo como complementar, uma segunda em que o Montijo adquire progressivamente o estatuto de principal e Humberto Delgado de complementar, uma terceira em que Alcochete substitui integralmente o aeroporto Humberto Delgado, uma quarta em que será este aeroporto o principal e Santarém o complementar e uma quinta em que Santarém substitui integralmente Humberto Delgado.
Ainda nesse mês, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, declarou que a comissão técnica pode estudar qualquer localização, incluindo a Ota.
Na semana passada, o projeto para instalar um novo aeroporto em Santarém, de iniciativa privada, foi apresentado aos autarcas da CIMRL.
“A CIMRL foi convidada para uma sessão de apresentação do projeto, que aceitámos com todo o interesse, mas não foi assumida ainda posição sobre esta solução”, adiantou Gonçalo Lopes, admitindo que “a localização proposta será sempre mais benéfica do que uma localização a sul do rio Tejo, tornando esta região mais competitiva e mais atrativa, seja do ponto de vista económico ou turístico”.
Em 1 de julho, depois de o primeiro-ministro português, o socialista António Costa, ter determinado a revogação do despacho que apontava os concelhos do Montijo e Alcochete como localizações para a nova solução aeroportuária da região de Lisboa, o presidente da CIMRL pediu ao Governo para equacionar as localizações da Ota e Alverca para a nova infraestrutura aeroportuária do país.
“Se queremos ser práticos, rápidos e, sobretudo, a pensar na sustentabilidade económica da infraestrutura, uma vez que grande parte dos utilizadores do Aeroporto Internacional de Lisboa são da margem norte do Tejo e não seria necessário construir uma ponte, nem uma linha de TGV [comboio de alta velocidade] com tanta urgência ou por esse motivo, faz todo o sentido – tendo em conta a crise que estamos a viver, mas, por outro lado, a importância que o turismo tem para a nossa economia – que se equacione a solução de Alverca e da Ota”, declarou, na ocasião.
Questionado então se na eventualidade de serem equacionadas as localizações da Ota e Alverca a abertura ao tráfego civil da Base Aérea de Monte Real, como tem pugnado a Câmara, perde força, Gonçalo Lopes contrapôs que “são coisas totalmente diferentes”, estabelecendo um paralelismo entre campos de futebol para a Liga dos Campeões e para a III divisão nacional.
“Esta infraestrutura [futuro aeroporto], temos de a pensar para servir o país e não um determinado tipo de região”, realçou, acrescentando que os aeroportos regionais são “estruturas pequenas, de baixa operação, para servir ‘charters’”.
A CIMRL integra os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.