Um avião de transporte de passageiros Let L-41 UPV-E20 Turbolet, matrícula 9N-AMH, da companhia nepalesa Summit Air despistou-se na manhã deste domingo, dia 14 de abril, quando estava a descolar do Aeroporto de Lukla (também conhecido por Aeroporto Tenzing-Hillary), no Nepal, considerado o aeroporto com atividade comercial mais perigoso do mundo.
Segundo as notícias conhecidas, recolhidas junto de diversos informadores pela imprensa do Nepal e pelos correspondentes estrangeiros em Katamandu, capital do país, o avião bimotor, que tem capacidade para transportar até 19 passageiros e cerca de 1.800 quilogramas de carga, estava a descolar apenas com a tripulação, dois pilotos e um tripulante de cabina, num voo de regresso à base (viagem de reposicionamento ou ferry, como se denomina em linguagem internacional). Por circunstâncias que se desconhecem, o avião desviou-se do centro da pista e despistou-se para o lado direito, onde está situado o heliporto, embatendo com grande violência num helicóptero da companhia ‘Manang Air’, e atingindo ainda outro da empresa ‘Shree Airlines’, que e encontravam estacionados.
O acidente verificou-se pelas 09h10 locais (05h45 UTC). Desconhecem-se as condições meteorológicas no local no momento do desastre, mas fontes aeroportuárias afastam a hipótese do tempo ter influenciado a corrida do avião no momento de aceleração. O trágico evento provocou a morte do co-piloto do Let L-41, de um graduado da polícia local que se encontrava junto dos helicópteros e de mais um homem apanhado junto dos aparelhos pousados, que não foi identificado. Há dois feridos graves hospitalizados, sendo um deles o comandante do avião da Summit Air.
O Aeroporto de Lukla é considerado o aeroporto mais perigoso do mundo, devido ao facto de ter uma extensão de apenas 527 metros, piso em asfalto irregular e por estar, com muita frequência, coberto por intensos nevoeiros e com abundantes níveis de pluviosidade na zona. Além do mais, e isso torna ainda mais especial este aeroporto, a pista de serviço tem apenas um acesso, que dá para um profundo vale entre montanhas. Na outra cabeceira da pista há prédios e uma paredão de rocha que não permite um eventual ‘borrego’ (arremetida) do avião. Mesmo assim, com estas características, trata-se de um aeroporto muito movimentado, sendo considerado a melhor porta para chegar ao Monte Evereste, por estar situado numa altitude de 2.845 metros. O aeroporto tem um movimento anual de pouco mais de 70 mil passageiros e um total de cerca de 10 mil aterragens e igual número descolagens.
Já aconteceram diversos acidentes e incidentes neste aeroporto. O mais recente foi em maio de 2017 quando também um Let L-41 (matrícula 9N-AXY), que se dirigia para Lukla, embateu na montanha a cerca de 400 metros do aeroporto, devido ao nevoeiro intenso. A companhia nesse tempo chamava-se ‘Goma Air’. Mudou o nome para ‘Summit Air’, precisamente a companhia do avião que se despistou neste domingo. Uma mudança para evitar o relacionamento com uma história de sinistralidade nada abonatória da sua reputação comercial, e entre uma polémica espoletada pelo facto da empresa estar a obrigar os pilotos a demasiadas horas de trabalho. A tripulação que fazia esse fatídico voo em maio de 2017 preparava-se para a sua quinta aterragem nesse dia.
- As fotos que reproduzimos foram publicadas na página de TWITTER do jornal ‘Kathmandu Post’ (@kathmandupost) e o vídeo está disponível no canal YouTube na página da ‘PahiloPost TV’. O vídeo, reproduzido das câmaras de segurança do aeroporto, mostra o momento do acidente.