Notícia em actualização – 13h00 UTC
Os pilotos da Air France, filiados no SNPL, o maior sindicato de pilotos da companhia, anunciaram hoje o fim da greve iniciada em 15 de Setembro, e que durou 13 dias, Segundo declarações do porta-voz sindical, reproduzidas esta manhã nos jornais electrónicos franceses, a decisão do SNPL pretende abrir caminho a um ambiente de negociações mais tranquilas e serenas.
Contudo, apressam-se já algumas leituras e perspectivas dos cenários que se seguem, por parte dos analistas económicos e políticos, que apontam para uma derrota dos pilotos, alegando que não conseguiram valer ou impor as suas pretensões: nem a Air France-KLM abandonou a sua intenção de juntar as duas Transavia e criar a paneuropeia Transavia Europe para disputar o mercado com as outras companhias low cost, nem conseguiram da parte da Administração da Air France, sequer, um compromisso para analisar uma eventual unificação dos quadros de pilotos do grupo aéreo, com iguais salários para iguais categorias profissionais. A sua última proposta, a designação de um mediador independente, também não teve acolhimento, designadamente depois da rejeição pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
O porta-voz do SNPL, Guillaume Schmid, declarou, ao anunciar o fim da greve, que “as condições de diálogo social não estão reunidas actualmente” e que nesse sentido o sindicato decidiu “assumir as suas responsabilidades levantando o movimento de greve”, refere a imprensa francesa, que adianta que as negociações entre o SNPL e a Administração avançaram pela madrugada de hoje e vão prosseguir nos próximos dias. A imprensa tem descrito a greve dos pilotos como impopular e salientado que nos últimos dias têm surgido alertas sobre as consequências do que o primeiro-ministro francês apelidou de “atitude egoísta”.
Em resumo: a Administração da Air France aguentou firme todo o processo, tendo desmentido algumas notícias que apontavam, na última semana, para um próximo acordo; e o governo francês, numa atitude que se deve muito à determinação do primeiro-ministro, recusou a nomeação de uma personalidade independente que pudesse mediar as negociações. Da parte dos sindicalistas há a promessa de que a luta continua e o braço de ferro irá manter-se na mesa das negociações, se bem que agora menos pressionadas pelas enormes perdas que a companhia sofreu nos últimos 13 dias e por um certo mal-estar que a greve estava a provocar na população francesa, com vários sectores da chamada ‘sociedade civil’ a acusar os pilotos de corporativismo e elitismo, tendo em vista os altos proveitos que a classe já arrecada em termos salariais. Foi exactamente essa a mensagem que o Governo Francês fez passar e que incomodou os pilotos e os terá feito pensar melhor nas consequências que daí pudessem advir para a classe.
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