A guerra na Ucrânia continua impactando negativamente os custos estruturais das companhias aéreas, com a pressão do preço do barril de petróleo sobre o querosene de aviação (QAV).
No passado domingo, dia 1 de maio, a Petrobras, empresa brasileira de exploração e comercialização de produtos petrolíferos, anunciou mais um reajuste, desta vez de 6,7% no preço do QAV em relação ao mês anterior. De 1 de janeiro a 1 de maio, a alta chega a 48,7%, segundo dados da Petrobras compilados pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR). Somente no ano passado, o valor do QAV acumulou um aumento de 92%.
“Mais uma vez o reajuste anunciado pela Petrobras comprova como as companhias aéreas enfrentam diariamente a alta dos custos estruturais, sobretudo com o atual cenário de guerra na Ucrânia que traz muita pressão para o preço do barril de petróleo e para a cotação do dólar. O setor permanece sendo resiliente, mas a atual conjuntura traz muita dificuldade para podermos obter uma recuperação vigorosa diante da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus”, afirma o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz.
Historicamente o QAV é o item de maior ineficiência económica para as companhias aéreas brasileiras e responde por mais de um terço dos custos do setor, que por sua vez têm uma parcela de mais de 50% indexada ao dólar. A cotação da moeda norte-americana está atualmente em cerca de 5,1 reais, sendo que o câmbio fechou o ano de 2017 em torno de 3,19 reais. O Brasil é o único país do mundo que tem um tributo regional sobre o QAV, o ICMS. Já as empresas estrangeiras não pagam esse imposto para abastecer em território nacional. É por isso que uma viagem internacional muitas vezes é mais barata do que um voo doméstico, considerando-se distâncias similares.