O ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, renovou nesta quarta-feira, dia 14 de novembro, em Madrid a intenção do novo Aeroporto Complementar do Montijo começar a funcionar em 2022, uma meta em que já começam a descrer dirigentes do sector do turismo, que é dos mais penalizados pela falta de soluções para o congestionamento da Portela.
A nossa perspectiva é que “a solução” para o aumento do tráfego “comece a ser implementada no próximo ano, […] estar concluída no ano 2021, para que possa estar disponível em 2022”, disse Pedro Marques no congresso da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA no acrónimo inglês) que está a decorrer na capital espanhola.
Há cerca de duas semanas, ao intervir na convenção do grupo de agências de viagens ‘Go4Travel’, Francisco Calheiros, presidente da CTP, disse estar “muito pessimista” em relação ao prazo de início de operações no Montijo, acrescentando que a opção está “a resvalar para 2023” e ainda pode “complicar mais”.
O governante português indicou que o movimento do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, cresceu 80% nos últimos cinco anos, continuando a haver uma “procura grande para os ‘slots’ [faixas horárias de descolagem e aterragem] para os próximos verões”.
Dados de tráfego nos aeroportos portugueses a que o ‘PressTUR’ teve acesso mostraram que apesar de ‘congestionado’, o Aeroporto de Lisboa é o que tem o maior aumento de passageiros em Portugal e estava no fim de Outubro com mais passageiros que em todo o ano de 2016.
Num debate em que participou no congresso da IATA, Pedro Marques afirmou que a situação no Aeroporto de Lisboa “não melhorou depois da privatização” da ANA, sugerindo que foi o crescimento do tráfego que levou aos problemas na capital portuguesa.
“Lamentei o facto de na altura da privatização da ANA [em 2012] não ter sido imediatamente decidido avançar com soluções, assim como as condições financeiras e ambientais dessa solução”, disse o ministro responsável pelas infra-estruturas à agência ‘Lusa’.
Pedro Marques também lamentou que o país tenha debatido durante “décadas” os problemas aeroportuários da região de Lisboa sem avançar para uma solução concreta.
“Não é assim que devíamos, provavelmente, decidir, mas foram as condições que nos deixaram”, disse o ministro numa alusão ao anterior Governo liderado por Pedro Passos Coelho que privatizou a ANA sem ter tomado uma decisão sobre o novo aeroporto.
Sem nomear os decisores políticos, Pedro Marques recordou que “a solução chegou a estar decidida [Governo de José Sócrates] e foi depois abandonada [executivo de Passos Coelho] para não se decidir coisa nenhuma em substituição. Para se deixar tudo para resolver ao atual Governo”.
O aeroporto complementar ao de Lisboa será no Montijo com a transformação do que é atualmente uma base militar em aeroporto civil e de forma a aumentar a capacidade desta infra-estrutura.
O início das obras em 2019 no Montijo depende das negociações de uma solução financeira, em curso com a ANA, e da entrega de um estudo de impacto ambiental, por parte da APA (Agência Portuguesa do Ambiente).
No âmbito do congresso da IATA sobre a situação dos aeroportos europeus, Pedro Marques esteve reunido com o seu homólogo espanhol, Jose Luis Ábalos, com quem preparou, entre outras questões, a cimeira bilateral entre os dois países que vai realizar-se em Valhadolid na próxima semana, no dia 21 de novembro.
- Texto publicado pela agência de notícias de viagens e turismo ‘PressTUR’, parceiro editorial do ‘Newsavia’ em Portugal