A companhia aérea britânica Monarch Airlines anunciou na madrugada desta segunda-feira, dia 2 de outubro, que deixou de voar, devido à grave situação financeira em que se encontra a empresa e que não lhe permite, entre muitas outras coisas, renovar a licença ATOL, indispensável para transportar turistas em voos fretados ou vendidos através das agências de viagens britânicas.
Desde há alguns dias que a imprensa do Reino Unido apontava para o colapso da companhia aérea britânica, a quinta maior do país. Em setembro do ano passado a Monarch recebera uma injeção de capital de 165 milhões de libras esterlinas da parte do fundo de investimentos Greybull, que foi o quarto empréstimo nos últimos quatro anos. Essa verba permitiu à empresa aérea funcionar durante mais 12 dias até apresentar garantia de que tinha força financeira suficiente para mais um ano de serviço, assegurando dessa forma mais um ano de licença ATOL (LINK notícia relacionada). Contudo, os resultados não foram favoráveis e em setembro deste ano a Monarch já tinha perdas acumuladas de 129 milhões de libras, muito superior ao prejuízo de 2016 que foi de 26,9 milhões e completamente oposto aos resultados do exercício de 2015, ano em que a companhia ganhou quase 27 milhões de libras.
A Monarch Airlines existe desde há vários anos, tendo a sua atividade muito centrada nos voos para destinos turísticos, muitos deles fretados ou quase totalmente consolidados com os operadores turísticos. Desde 2016, com a queda do turismo em países de influência muçulmana, nomeadamente na Tunísia e na Turquia, a companhia perdeu grande percentagem do seu mercado e dos seus clientes. Mesmo assim, começou novos voos para destinos de longo curso, onde teve de debater-se com a concorrência de novas companhias, chegadas ao mercado no segmento de baixo custo. Em 2016 a Monarch transportou seis milhões de passageiros, a partir das suas bases operacionais em Londres (Gatwick e Luton), Birmingham, Leeds/Bradford e Manchester. Operava para 40 destinos e tem um quadro de 2.500 trabalhadores.
Estima-se que o colapso da Monarch possa afetar cerca de 100.000 passageiros entre os que se encontram fora do Reino Unido e os que marcaram e pagaram viagens que não poderão usufruir através da Monarch. O futuro da empresa é incerto, e está agora sob administração da KPMG, uma empresa de auditoria e consultadoria, especializada também na recuperação de empresas.
O presidente da Monarch, em post colocado no Twitter, minutos após a chegada do último voo a Gatwick, pelas 03h30 UTC desta segunda-feira, lamentou ter de fazer o anúncio de que a companhia deixava de voar e manifestou alguma esperança quanto ao trabalho que agora será desenvolvido pelos investidores e pela KPMG.
Cessaram a atividade as empresas Monarch Airlines Limited e Monarch Travel Group (Monarch Holidays), mantendo-se aberta a Monarch Aircraft Engineering Limited.
Como determina a legislação britânica a CAA (entidade nacional de aviação civil) é responsável pelo regresso ao Reino Unido dos passageiros que se encontram fora do país, dada a bancarrota de uma empresa que trabalhava com certificado e licença ATOL. Assim, a CAA fretou uma dezena de aviões A320 à companhia Qatar Airways, que se encontram posicionados em aeroportos britânicos desde a manhã desta segunda-feira à ordem das autoridades britânicas. Sabe-se que voarão com código da British Airways.