Baixou para 71 o número de mortos no acidente registado na noite de segunda-feira, dia 28 de novembro, com um avião da companhia LAMIA Bolívia, que se despenhou a poucos quilómetros do Aeroporto de Medellín, onde deveria aterrar em viagem proveniente de Santa Cruz da Bolívia.
A bordo da aeronave seguia a equipa de futebol brasileira do Chapecoense, da cidade de Chapecó, no Estado de Santa Catarina, que ia disputar o jogo da primeira mão da final da Taça Sul-Americana com os colombianos do Atlético Nacional cidade de Medellín.
Em comunicado distribuído na noite desta terça-feira, dia 29 de novembro, a Unidade Nacional para a Gestão de Risco de Desastres da Colômbia informou que, após confrontar dados, “estabeleceu-se que o total de pessoas que viajavam para a Colômbia eram 77 passageiros e não 81, como inicialmente aparecia nos registos”.
Observando as listas de embarque dos passageiros no Brasil, na Bolívia e na Colômbia, chegou-se à conclusão que “apenas embarcaram no voo 68 passageiros de origem brasileira e nove membros da tripulação de origem boliviana”. Na nota, lê-se ainda que foram resgatados 71 corpos, sendo que houve seis sobreviventes.
O avião sinistrado era de fabrico britânico (British Aerospace Avro RJ85), tinha quatro motores a jato e fez o primeiro voo em 1999. Estava matriculada no registo nacional da Bolívia (CP-2933) e era o único avião constante da frota da companhia (www.airfleets.com), que se dedica a fretamentos, nomeadamente de equipas desportivas. A companhia tem origem na Venezuela (Estado Mérida). Foi fundada em 2009 pelo empresário Ricardo Alberto Albacete Vidal, que tem sido referenciado no país por negócios pouco claros e por atuar como testa de ferro de um milionário chinês que está preso por crime de corrupção.
A companhia começou por denominar-se ‘Línea Aérea Merideña Internacional de Aviación’ (LAMIA) e teve primeiro sede no Estado de Mérida. Segundo a imprensa da Venezuela, a companhia, cujo promotor dissera que iria contribuir para o desenvolvimento do turismo do País e que teria uma frota de 12 aviões, mudou-se depois para o Estado de Nova Esparta, cujo território é a ilha de Margarita, um dos pontos turísticos mais procurados. Mudou também de nome para ‘Línea Aérea Margarita Internacional Aviación’, o que lhe permitia utilizar as mesmas iniciais. Contudo a situação económica na Venezuela também foi pretexto para Ricardo Vidal levar o seu avião para a Bolívia em 2014, onde solicitou um COA (certificado de operador aéreo) do país, que lhe foi outorgado, e com o qual operava o avião sinistrado em fretamentos com grupos desportivos, nomeadamente de futebol.
Nesta terça-feira, dia 29 de novembro, as autoridades brasileiras distribuíram um comunicado em que alertaram a opinião pública para uma questão relevante que não era conhecida. A ANAC tinha indeferido a realização do voo desde o Brasil para a Colômbia, pois o atual acordo aéreo entre os dois países e as convenções internacionais porque se regem o transporte aéreo de passageiros não permitia tal operação como pretendia o Chapecoense. O comunicado deveria referir-se certamemnte à agência de viagens que estava a organizar a deslocação à Colômbia, que solicitou uma autorização especial para o transporte da comitiva ser feito com um avião de bandeira boliviana. Isso levou a que o grupo de desportistas (dirigentes, técnicos e futebolistas) e os 22 jornalistas que os acompanhavam tivessem feito a viagem de São Paulo/Guarulhos para Santa Cruz da Bolívia num aviação da Bolívia de Aviación. Na capital boliviano fizeram o transbordo para o avião da LAMIA.
Comandante reportou uma avaria a bordo
Os pilotos terão reportado uma avaria no sistema eléctrico do avião, segundo indicaram fontes aeroportuárias, tendo depois efectuado uma série de voltas na proximidade, por razões desconhecidas, despenhado-se poucos minutos depois na localidade de Cerro Gordo, próximo da cidade de La Unión. O último sinal recebido (ADS-B) do avião terá sido a 15.500 pés de altitude (cerca de 4.700 metros), a uma distância de 30 quilómetros do Aeroporto de Medellín, cuja pista está localizada a cerca de 2.100 metros de altitude.
Força Aérea Brasileira mandou quatro aviões para a Colômbia
A FAB divulgou uma nota informativa em que anuncia que enviou para Medellín quatro aeronaves militares. Duas com condições para levarem para o Brasil os seis sobreviventes desta tragédia e outros dois para recolherem os corpos das vítimas. A FAB manifestou ainda disponibilidade para envio de outros meios, materiais ou humanos que possam ajudar as autoridades colombianas nos trabalhos de resgate.
Caixas negras encontradas
Notícias divulgadas na noite desta terça-feira indicam que as duas caixas negras do aparelho sinistrado já foram recolhidas e serão entregues à comissão de inquérito nomeada pelo Governo da Colômbia para investigar as causas do desastre. Nessa comissão juntar-se representantes do Brasil, de onde eram naturais as vítimas (à exceção dos nove tripulantes), da Bolívia, país de registo da aeronave, e do Reino Unido, país fabricante do aparelho.
- Notícia atualizada às 01h00 UTC de quarta-feira, dia 30 de novembro
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