O IL-96-400M da ‘Russian Special Flight Detachment ‘(RSFD) realizou o seu primeiro voo, no passado dia 1 de Novembro, naquele que é o evento mais marcante da indústria em 2023, desde que as sanções impostas pelo ocidente à Rússia após a invasão da Ucrânia estão a devastar a aviação russa.
Trata-se de um momento significativo para a aviação russa, enquanto internamente trabalham na certificação do motor PD-8m desenvolvido pela UEC (United Engine Corporation) e Aviadvigatel, para o renovado e despido de tecnologia ocidental Super Jet SJ-100.
A liderança da RSFD e da Autoridade da Aviação Civil Russa chegou ao aeroporto de Zhukovsky no modelo MC-21. No aeródromo de fábrica da VASO, autoridades e construtores assinaram documentos sobre o motor de um carro ‘Volga’, um tradição iniciada há mais de 50 anos por Henryk Novozhilov, que na época era designer-chefe do OKB Ilyushin, quando este assinou o plano de voo de um avião de transporte Il-76 na tampa do motor de um carro de serviço.
A tripulação liderada pelo comandante da aeronave, piloto-chefe da PJSC ‘Ilyushin e piloto de testes Sergey Sukharov, incluiu ainda o piloto Igor Zinov, o navegador Sergey Goremykin, o engenheiro de voo Pavel Litvyakov, e o engenheiro eletricista Dmitry Semyonov.
Durante o voo, foram realizados testes de estabilidade e controlo da aeronave, verificação das funcionalidades dos sistemas, da unidade de potência e dos equipamentos de rádio. O voo ocorreu a altitudes de até 2000 metros, atingindo velocidades de até 390 km/h e durou 26 minutos.
O IL-96-400M está equipado com motores PS-90A1 e pode acomodar até 370 passageiros com opções de configurações de cabina para classe única, dupla e tripla.
De acordo com a ‘Aviation 21’, a aeronave poderá equipar um sistema de entretenimento e informação moderno que oferece acesso à internet, televisão e comunicação via satélite, além de equipamentos de cozinha de última geração. A autonomia máxima de voo na configuração de duas classes é de 8.100 quilómetros.
O IL-96-400M foi desenvolvido com base na versão de transporte -400T, tornando a sua fuselagem 9,35 metros mais longa em comparação com a aeronave base IL-96-300, totalizando 63,939 metros. A principal diferença da versão -400M, em relação às modificações anteriores, é a presença de dois pilotos na cabina de comando.
A aeronave russa está desenhada para rotas de longa distância para o Extremo Oriente, China, Tailândia, Índia e Egito. Com a falta de equipamento ocidental a operar na Rússia que tem uma população de 150 milhões de pessoas, esta aeronave poderá ser colocada em rotas internas. Contudo operar este gigante de quatro motores entre Moscovo, São Petersburgo ou Kaliningrado para Novosibirsk ou Irkutsk poderá não ser viável.
As perspetivas do IL-96-400M foram discutidas por uma fonte da ‘TASS’ na indústria da aviação em agosto de 2022. Segundo a fonte, em declarações a Aviation 21, a decisão sobre a viabilidade da produção em série da aeronave será tomada após os testes de certificação, que estão a ser feitos por este protótipo do IL-96-400M .
Podemos especular que este quadrimotor, uma configuração em extinção no ocidente, será uma solução para consumo interno, e para mercados internacionais que estão próximo da Rússia. No entanto, trata-se de uma solução que poderá mostrar-se pouco adequada à procura, numa economia em declínio e com custos elevados de produção e operação.
Sanções ocidentais devastam aviação russa
As sanções impostas pelo ocidente à Rússia após a invasão da Ucrânia provocaram um efeito devastador na aviação russa. A Aeroflot, a companhia aérea estatal russa, está praticamente incapacitada de voar para a maioria dos destinos internacionais, e a sua frota está diminuindo rapidamente à medida que os aviões são apreendidos ou desmontados para peças.
As sanções incluem a proibição de venda de peças e serviços para aviões ao serviço de empresas russas, bem como a suspensão de seguros e financiamentos. Isso significa que a Aeroflot e outras companhias aéreas russas estão tendo dificuldade em manter as suas frotas em funcionamento.
De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a aviação russa perdeu 70% de sua receita em 2022. A IATA estima que a indústria aérea russa perderá 10 mil milhões (bilhões no Brasil) de dólares norte-americanos em 2023.
- Fonte : IATA , Aviation 21
