Os pilotos da TAP recusaram uma nova proposta da companhia portuguesa no sentido de um acordo para a operação deste Verão, que previa a majoração do trabalho prestado em dias de folga, férias alteradas ou feriado em 25%, 50% e 100%, respetivamente.
“Uma vez mais, ficou absolutamente claro que os pilotos não pretendem abdicar de folgas ou tempo livre, essenciais ao equilíbrio entre as exigências da profissão e a vida pessoal, a troco do que lhes foi subtraído com pressupostos que hoje não se verificam”, lê-se num comunicado enviado na quinta-feira, dia 2 de junho, pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) aos associados, a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso.
O SPAC votou, na quarta-feira, uma nova proposta da companhia, que, segundo um comunicado interno da comissão executiva da TAP, também revelado pela ‘Lusa’, prevê que “o trabalho prestado em dias de folga, férias alteradas ou feriado” seja “majorado em 25%, 50% e 100%, respetivamente”.
Numa assembleia que durou quase 10 horas, 87% dos 875 pilotos presentes ou representados por procuração votaram contra a nova proposta negociada entre a empresa e o SPAC.
Recorde-se que, no âmbito do plano de reestruturação da companhia aérea, os pilotos assinaram um Acordo Temporário de Emergência (ATE), que permitiu à empresa aplicar-lhes cortes salariais de 50%, no primeiro ano da sua aplicação.
Segundo o SPAC, “a boa vontade da classe não existe, esmagada que foi pela forma como tem sido tratada pela gestão da TAP e pelas violações sucessivas aos Acordos assinados”, apelando assim aos associados para que não aceitem convites em dias de folga ou férias, “alterações pedidas ou violações do RUPT [Regulamento de Utilização e Prestação de Trabalho], planeadas ou resultantes de irregularidade”.
Em meados de maio, os pilotos tinham rejeitado uma proposta da TAP, que previa a suspensão imediata do corte adicional de 20% nas remunerações em contrapartida da flexibilização de folgas, considerando-a uma “ofensa à dignidade coletiva”, como a Lusa noticiou.
O número de folgas após voos de longo curso está regulamentado por uma fórmula que resulta de estudos científicos sobre estes efeitos nefastos, considerando os pilotos que esta redução compromete a longo prazo a segurança de voo, quando prolongada no tempo”, apontou então, em comunicado, o SPAC.
Os principais sindicatos representativos dos trabalhadores da TAP, incluindo o SPAC, reúnem-se esta sexta-feira com a administração da empresa, depois de uma reunião com a tutela, na quinta-feira, para defender que os acordos temporários com os trabalhadores sejam “adaptados à realidade”, “numa altura em que a empresa atinge índices operacionais muito positivos, com níveis pré-pandemia” de covid-19.
Em meados de maio, a TAP propôs aos pilotos a suspensão imediata do corte adicional de 20% que têm nas remunerações, de 45% para 25%, tendo como contrapartida a flexibilização de folgas nos meses de pico de operação.
Depois da recusa do SPAC, cerca de uma semana depois a TAP resolveu abrir “um novo pacote de medidas voluntárias” para os pilotos, segundo uma nota interna, a que a ‘Lusa’ teve acesso.