Portway poderá despedir cerca de 300 trabalhadores, receia o sindicato

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O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) receia o despedimentos de cerca de três centenas de trabalhadores da empresa portuguesa de assistência em terra a aviões e passageiros em escala (prestação de serviços que é designada normalmente por handling) Portway depois de terminado o programa de rescisões amigáveis, disse uma fonte sindical à agência de notícias Lusa.

No dia 17 de julho, a Portway anunciou que iria lançar em agosto, um programa de saídas voluntárias por mútuo acordo, perante o impacto da pandemia de covid-19, tentando evitar “outras medidas mais penalizadoras” para os trabalhadores.

Em declarações nesta sexta-feira, dia 4 de setembro, à agência Lusa, Fernando Simões, do SINTAC, disse que a empresa contactou centenas de trabalhadores em agosto para reuniões, que classificou de “contactos cirúrgicos”.

“Os trabalhadores com salários mais altos até percebemos, mas os restantes começámos a dissecar e temos pessoas com restrições horárias, situações clínicas porque tiveram acidentes de trabalho, já para não falar em membros do sindicato. Assim, não é difícil chegar à conclusão de que foi um processo cirúrgico”, disse, acrescentando que o programa terminou em 31 de agosto.

Fernando Simões contou que durante o mês de agosto decorreu um programa de rescisões amigáveis que, para o sindicato, “de amigável tem muito pouco”.

“Quando nos foi comunicado que a empresa iria avançar com um programa de rescisões amigáveis, na mesma altura descobrimos que a empresa nas duas semanas anteriores já tinha marcado entrevistas a centenas e com trabalhadores escolhidos por ela. Portanto, já não é assim tão voluntária”, salientou.

Segundo Fernando Simões, os trabalhadores foram sem saber ao que iam e foram confrontados com aquilo que consideram ser uma proposta impossível.

“Uma proposta fechada da empresa com determinados pontos e em que ou aceitavam tendo em conta as dificuldades dos sector – o Covid-19 vai servir para tudo – ou em outubro, 60 dias após acabar lay-off simplificado, o nome deles constariam de uma lista de despedimento coletivo”, afirmou.

O sindicalista disse que não tem um número concreto de trabalhadores, mas que poderão ser cerca de três centenas, à semelhança dos números de há quatro anos quando a Ryanair deixou de ser cliente.

“Não concordamos que se façam rescisões amigáveis pois é o primeiro passo para delapidar as contas da empresa. Vamos estar a pagar centenas de indemnizações. Por outro lado, estamos a desperdiçar anos de know how [conhecimentos] destes trabalhadores. A Portway teve também ajudas do Governo português para a manutenção dos postos de trabalho e a recebeu do lay-off simplificado”, disse.

Para já, Fernando Simões disse que o Sintac vai aguardar por informação oficial da Portway sobre o que pretende fazer.

“Se o cenário for o pior vamos analisar e consultar os trabalhadores”, concluiu.

A agência Lusa contactou a Portway, que remeteu informação para mais tarde.

A Portway, uma empresa que pertence totalmente à ANA/Vinci Airports, anunciou na altura que o programa de saídas voluntárias por mútuo acordo tinha por objetivo ajustar a sua estrutura de pessoal e evitar outras medidas mais penalizadoras para os trabalhadores.

Em junho, a quebra nos movimentos dos clientes da empresa foi de 87% face a igual mês do ano anterior.

“A expectativa para o final do ano aponta para uma retoma ligeira, com perspetivas de 2020 fechar com uma quebra de 60% de movimentos face a 2019. O mês de agosto deverá ser o mês com maior atividade até ao final do ano, ainda assim 30% a 40% abaixo de 2019”, apontou a Portway em comunicado em julho.

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