O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) apresentou na terça-feira, dia 17 de Dezembro, a sua demissão do lugar que ocupava, por desacordo com a restante direcção quanto ao abandono da plataforma sindical da TAP.
Numa carta enviada aos associados, a que a agência noticiosa portuguesa Lusa teve acesso, Rui de Carvalho informa que discordou da saída da plataforma sindical da companhia aérea, uma decisão anunciada pelo sindicato que representa o pessoal de cabina nesta terça-feira (LINK para notícia anterior).
De acordo com o que foi anunciado pelo sindicato, o abandono da plataforma sindical deu-se por considerarem que o memorando enviado ao Governo pela plataforma da qual faziam parte, que agenda uma greve entre os dias 27 e 30 de Dezembro, pela forma como está escrito “abre a porta a uma privatização” da transportadora. “A privatização deve ser parada e não suspensa”, explicou o dirigente Nuno Fonseca, do sindicato, em declarações à Lusa.
“A direcção do SNPVAC, em desacordo comigo, seu presidente, não concordou com o teor do memorando, nem com qualquer abertura negocial que não incluísse uma suspensão, pura e simples, do processo de privatização do Grupo TAP, razão pela qual decidiu colegialmente retirar-se da Plataforma Sindical e não subscrever o memorando enviado à tutela”, escreve o presidente demissionário.
Rui de Carvalho acrescenta que considera que o direito à greve “não é uma arma de arremesso política e o seu fundamento, de natureza excepcional, circunscreve-se à defesa” dos direitos dos trabalhadores.
Afirma ainda que apesar de discordar do modelo adoptado para a privatização da companhia aérea, o seu mandato “estava focado na defesa dos direitos do pessoal de voo”.
“Julgo também que tal defesa seria tanto mais eficaz quanto mais participação tivesse o SNPVAC na elaboração do caderno de encargos do processo de privatização, aí elencando o máximo de cláusulas de defesa dos nossos direitos, em conjunto com os demais sindicatos”, sublinha, acrescentando que isso não significa que concorde com a alienação da companhia aérea.
O SNPVAC, apesar de ter anunciado hoje o abandono da plataforma constituída originalmente por 11 sindicatos ligados à TAP, mantém a convocação de uma greve para o período de 27 a 30 de Dezembro.