Gustavo Andrés Deutsch, um empresário argentino com 78 anos de idade, ex-proprietário da extinta empresa aérea LAPA, morreu domingo, dia 14 de Setembro, vítima da queda de um avião ligeiro bimotor Beechcrfat E300, que colidiu com duas casas, destruindo-as, num condomínio privado de Nordella, cidade de Tigre, nas ilhas do Delta do Rio Paraná.
Testemunhas disseram que o avião voava baixo desde há algum tempo, admitindo-se, por isso, que o piloto estivesse à procura do melhor local para realizar uma aterragem de emergência.
Andy Deutsch, como era conhecido na Argentina, era um empresário com grande ligação ao mundo da aviação no país, embora a sua relação com a actividade tivesse sido marcada por altos e baixos surpreendentes, e, infelizmente, acabou da pior maneira, pelo mesmo motivo trágico porque morrera há 11 anos a grande companhia que criara. Era filho de emigrantes oriundos da antiga República da Checoslováquia, tendo viajado primeiro para os Estados Unidos da América, antes de chegar à Argentina.
Há cerca de 37 anos tinha fundado a empresa LAPA – Linhas Aéreas Privadas da Argentina, que iniciou a sua actividade de transporte com dois pequenos aviões a hélice. A companhia teve um grande crescimento alavancada na figura do próprio empresário, que surgia em publicidade, entre as nuvens e intitulando-se como o ‘Saint-Exupéry argentino’. Por outro lado a política de preços baixos da companhia conquistou uma clientela que crescia à razão de cerca de 30% por ano. Foi o sucesso total, logrando a LAPA colocar-se na liderança do transporte aéreo argentino. Quando a expansão era notória e a sua rede muito interessante, um Boeing 737 da companhia despenhou-se e ardeu no Aeroparque de Buenos Aires, após a descolagem, a 31 de Agosto de 1999, provocando a morte de 65 pessoas.
Foi o fim de uma companhia cujo crescimento parecia não ter limite. Nos tribunais disputou-se uma longa batalha judicial, sendo condenados a penas de prisão alguns executivos da empresa. As penas, embora suspensas, só foram decididas em 2012, o que mostra a demora desses processos nos tribunais argentinos. O relatório do acidente atribuiu responsabilidades à empresa na queda do aparelho e as indemnizações apareceram em catadupa. A companhia abriu falência em 2003, cerca de 26 anos depois do seu nascimento.
Com menos intervenção no negócio, Andy Deutsch não ficou de braços cruzados e criou uma companhia mais pequena, a Tango Sur Jet, dedicada ao transporte privado e executivo. O avião que pilotava no domingo, pertencia à sua empresa. No acidente morreu ainda sua esposa, que o acompanhava nesse passeio pelas ilhas do Delta do Rio do Paraná.
O Beechcraft E300 tinha descolado de Junín, 250 quilómetros a oeste de Buenos Aires, com destino ao Aeroporto Jorge Newbery de Buenos Aires.