O Governo da República de Angola está a negociar com a Qatar Airways a venda de 39 por cento do capital da empresa pública TAAG – Linhas Aéreas de Angola, noticia nesta sábado, dia 7 de setembro, o ‘Novo Jornal’, que se publica na cidade de Luanda.
Segundo o jornal, que baseia a sua notícia em fontes ligadas ao processo, o Estado Angolano manter-se-á como o maior acionista, com 51% das ações. Uma percentagem de 10% estará à disposição dos trabalhadores angolanos do sector de transportes. A Qatar Airways será responsável pela gestão da companhia aérea de bandeira de Angola, diz o ‘Novo Jornal’.
O ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, e quadros seniores do setor dos transportes aéreos, têm estado a negociar com a Qatar Airways a venda de 39% das ações da TAAG àquela operadora aérea do Médio Oriente.
“As partes podem fechar parcialmente o negócio ainda este ano, já que, fruto da compra dos 39% das ações da TAAG, a Qatar Airways, apesar de não vir a ser acionista maioritária, assumirá a gestão da operadora aérea nacional, explicou um dos interlocutores, realçando posteriormente que o processo de venda poderá ficar concluído em 2021, como previsto no Programa de Privatizações (Propriv) do Governo, usando a modalidade da privatização por alienação de participações sociais”, acrescenta o ‘Novo Jornal’.
Na última quinta-feira, dia 5 de setembro, o ministro Ricardo Viegas de Abreu e a sua equipa de negociadores seguiram para Doha com o intuito de afinarem as negociações da privatização da TAAG com os donos da Qatar Airways, revelou uma outra fonte citada pelo jornal.
Presidente João Lourenço em visita oficial ao Estado do Qatar
Coincidência ou não, o Presidente da República de Angola, João Lourenço, iniciou neste sábado uma visita oficial de dois dias ao Estado do Qatar, na qual serão assinados acordos em “vários domínios de cooperação”.
De acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente, distribuída em Luanda, o Chefe de Estado vai encontrar-se com o Emir do Qatar, o xeque Tamim Bin Hamad Al-Thani, neste domingo, dia 8 de setembro.
O programa da visita inclui ainda encontros com “presidentes e altos executivos de empresas de grande relevo no contexto da economia do país”, para avaliar “possibilidades de investimento em Angola e outras vias de cooperação”, refere a nota.
Recorde-se que em setembro de 2014 a TAAG assinou um Acordo de Concessão de Gestão com a Emirates (LINK notícia relacionada), outra companhia do Golfo Pérsico, que então assumiu a gestão da companhia aérea angolana, com uma Comissão Executiva dominada por profissionais estrangeiros de comprovada experiência na empresa dos Emirados Árabes Unidos, uma das maiores do mundo. Ao fim de três anos, em julho de 2017, a Emirates anunciou a decisão unilateral de abandonar a gestão da companhia angolana, alegando problemas de carácter económico-financeiro em Angola, nomeadamente suscitados pela crise que assola nos últimos anos o país africano, que não permite a transferência de receitas e outros fundos para o estrangeiro (LINK notícia relacionada). A Emirates decidiu também, nessa ocasião, reduzir de cinco para três o número de voos semanais entre o Dubai e Luanda.
Entretanto, um despacho da agência de notícias angolana ANGOP sobre a deslocação de João Lourenço ao Qatar recorda que em março deste ano, Manuel Augusto, ministro das Relações Exteriores, esteve em Doha, capital deste país árabe, a fim de manifestar junto do vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, o interesse de reforçar a cooperação nas áreas de petróleo e gás.
Pouco depois, os dois países produtores de petróleo assinaram um acordo no domínio dos transportes, que prevê o estabelecimento de ligações aéreas entre as capitais Luanda e Doha, na sequência da visita do ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, acompanhado de representantes da transportadora aérea TAAG e da Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENANA).
Desde 2015, altura em que Angola e Qatar rubricaram o protocolo para a criação de conexões directas entre as duas capitais, para o fomento do intercâmbio comercial dos empresários de ambos os lados, que se aguarda pela sua efectivação.
Com base em dados disponíveis, o acordo visava concretizar os objectivos do Governo angolano, para potenciar o sector da aviação civil nacional e apoiar a TAAG na conquista de novos destinos.
Ministro desmente venda de 39% da TAAG à Qatar Airways
Entretanto, neste domingo, dia 8 de setembro, o ministro Ricardo Viegas de Abreu, em conferência de imprensa em Doha, desmentiu “rumores postos a circular sobre a venda de acções da companhia aérea de bandeira TAAG para a Qatar Airways”, refere um despacho da agência de notícias ‘Angop’.
Segundo o ministro dos Transportes de Angola, “nunca esteve sobre a mesa essa negociação, apesar do interesse angolano em cooperar com a transportadora de topo mundial. A TAAG está num processo de reestruturação e modernização para permitir a criação de condições para privatização, prevista para 2021.
De acordo com o ministro, é um passo importante para a companhia, mas é preciso antes identificar os parceiros.
- Notícia corrigida e atualizada às 23h00 UTC de domingo, dia 8 de setembro
