A queda e explosão de um avião ligeiro (experimental), com configuração executiva, matou nesta tarde de sábado, dia 19 de março, na cidade de São Paulo, no Brasil, o empresário Roger Agnelli, de 56 anos de idade, que seguia a bordo com mais seis pessoas, sendo cinco seus familiares diretos e mais o piloto da aeronave. Agnelli foi durante 10 anos, entre 2001 e 2011, presidente da empresa Vale do Rio Doce, um dos gigantes mundiais da extração mineral, com atividade em diversos países, nomeadamente no Brasil, onde foi fundada e tem a sua sede e diversas explorações concedidas, e no norte de Moçambique, país de língua oficial portuguesa, na África Oriental. Foi também diretor do Bradesco, um conhecido banco brasileiro.
O acidente verificou-se pelas 15h20 locais, poucos momentos após o avião levantar voo do Aeroporto de Campo de Marte, na zona norte da cidade de São Paulo. Começou a perder altitude, no momento da subida, indo embater em duas casas de moradia, na zona residencial de Jardim de São Bento, na Rua Frei Machado, a cerca de 200 metros da cabeceira da pista do aeroporto de onde tinha descolado. Não se conhecem os motivos que terão provocado a desestabilização e consequente queda da aeronave.
O avião era propriedade do empresário desde dezembro de 2012 e estava a ser operado com o COA da empresa REAL Táxi Aéreo. Trata-se de um ‘Compair CA-9 Executive’, com a matrícula PR-ZRA, uma aeronave praticamente nova, monomotor turboélice e com capacidade para um piloto e sete passageiros.
Segundo os bombeiros que acorreram ao local do acidente, a aeronave embateu primeiro numa casa térrea, que ficou destruída, e depois, de frente, com outra residência de três pisos, ficando anichado na garagem, onde cavou um buraco, após a explosão, ficando totalmente carbonizado. Entre alguns ferros retorcidos foram encontrados os despojos dos sete ocupantes do aparelho, totalmente irreconhecíveis, segundo relataram os canais televisivos e a imprensa de São Paulo, nas suas edições online. As duas casas ficaram destruídas. Os residentes foram alojados num hotel.
Segundo a imprensa paulista acompanhavam o empresário nesta viagem a sua mulher, Andréia, os dois filhos do casal, João e Ana Carolina, e ainda a nora e o genro de Roger e Andréia Agnelli. Desconhece-se a identidade do piloto. Todos morreram na queda do ‘Compair CA-9 Executive’. Segundo a imprensa a família Agnelli seguia para a cidade de Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais, onde deveria participar num casamento.
Durante a tarde o tráfego aéreo esteve interrompido em Campo de Marte, o primeiro aeroporto comercial de São Paulo, entre 1920 e 1932, e que é presentemente utilizado pela aviação geral e executiva, por empresas de helicópteros (ali está baseada a maior frota de hélis do Brasil) e de táxi aéreo, aeronaves militares e policiais de pequeno e médio porte e por diversas escolas de pilotagem.
O ‘Compair CA-9 Executive’ é um avião destinado principalmente ao transporte pessoal, atendendo às necessidades de negócio ou lazer, com elevada velocidade de cruzeiro, grande carga útil, interior amplo e confortável, versátil e silencioso.
A sua construção, totalmente feita em fibra de carbono, confere à estrutura um formato aerodinâmico que, em conjunto com a turbina de 1.000 hp (ao nível do mar) possibilita velocidade de cruzeiro de 250 nós, mesmo com o trem de pouso fixo.
Por sua vez, o trem de pouso fixo, de grande resistência, possibilita a operação em pistas mais rústicas, onde seria impossível a operação de aeronaves com trem retrátil, e a alta carga paga possibilita o carregamento de tudo o que seja necessário em viagens pessoais.
A turbina Honeywell oferece a potência para a rápida subida até a altitude de cruzeiro e a decolagem em pistas curtas, sem qualquer problema.
A cabina, com largura de 1,37 metros, acomoda confortavelmente oito pessoas (incluindo o piloto), podendo quatro dos assentos dos passageiros serem colocados frente a frente ou todos no sentido de voo.
É considerada uma aeronave experimental. Construída nos Estados Unidos da América, é exportada em kits e depois montada por empresas especializadas e de reconhecida competência técnica pela fábrica norte-americana. A construção, operação e manutenção de aeronaves experimentais são regidas, na legislação aeronáutica brasileira, pelo RBHA 37 – PROCEDIMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE AERONAVES POR AMADORES.
- A foto de abertura mostra o avião acidentado e é da autoria de Lvcivs/www.airliners.net. A imagem foi obtida em janeiro de 2013 no Aeródromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.