O presidente executivo interino da TAP, Ramiro Sequeira, despediu-se nesta segunda-feira, dia 21 de junho, dos trabalhadores do grupo sublinhando que a sobrevivência da companhia dependerá da “implementação rigorosa” do plano de reestruturação.
Num email enviado aos trabalhadores, a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso antes da assembleia-geral desta quinta-feira, dia 24 de junho, que deverá aprovar o novo Conselho de Administração da TAP, Ramiro Sequeira diz que “o próximo capítulo – a implementação rigorosa do plano de restruturação –, é vital para a sobrevivência da TAP”.
“Fazendo referência a um filme, que aqui vos deixo, é o ‘centímetro’ pelo qual todos teremos que lutar nos próximos anos. E, meus caros, ‘ou nos unimos como equipa ou morreremos como indivíduos’”, lê-se no email.
Na semana em que termina as suas funções, o gestor diz que viveu “enormes, complexos e duros desafios nestes últimos meses”, desafios esses que, ao terem impacto em milhares de outras pessoas, se tornaram numa missão “numa empresa que precisava de um rosto e liderança para avançar no contexto da pandemia, elaborar o plano de reestruturação, preparar a retoma e, não menos importante, manter em velocidade cruzeiro e em segurança o dia-a-dia”.
“Uma coisa temos como garantido: fizemos parte de um relevante e determinante capítulo destes preciosos 76 anos de história e de todos os que estão por vir”, refere Ramiro Sequeira.
Assim, acrescenta, dez meses passados, a “TAP está a retomar, lentamente, as operações, em segurança, tem um plano de reestruturação e de recuperação, que todos esperamos seja aprovado em breve, manteve o papel essencial para o país e para os portugueses ao assegurar, sempre e sem exceção, a continuidade territorial”.
“Assegurou o repatriamento de milhares de compatriotas e o transporte de material médico crítico. Alcançámos, em parceria com todos os sindicatos, acordos fundamentais e essenciais a este caminho, que permitiram baixar o impressionante número de 2000 trabalhadores excedentários para menos de 200, estando assim este duro processo na sua fase final”, sinaliza.
Ramiro Sequeira foi indigitado para as funções de presidente executivo (interino) da TAP em setembro do ano passado, substituindo Antonoaldo Neves no cargo que este ocupava desde 2018, na sequência do acordo entre o Governo e os acionistas privados para a reorganização do quadro societário da TAP – com a saída de David Neeleman.
Em 2020, a TAP voltou, então, ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital. O empresário Humberto Pedrosa tem 22,5% e os trabalhadores os restantes 5% do grupo.
A TAP está a ser alvo de um processo de reestruturação, devido à situação financeira difícil causada pela pandemia, que implicou a redução do número de trabalhadores e levou a Comissão Europeia a autorizar o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros.
Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo auxílio estatal intercalar de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).