O Reino Unido votou no referendo realizado na quinta-feira, dia 23 de junho, pela saída da União Europeia, uma decisão que levará ao abandono faseado (espera-se que nos próximos dois anos) de diversos compromissos assumidos no âmbito dos países membros da Comunidade Europeia, que passam a partir desta votação a ser 27, em vez dos 28, número no qual se integrava a nação britânica. Na prática é a retirada do Mercado Comum, com todas as consequências políticas e económicas que poderão resultar desta vontade soberana do Povo Britânico.
Necessariamente que também no sector aeronáutico, e de uma forma particular no da Aviação Comercial, verificar-se-ão algumas mudanças, que, contudo, não terão uma influência imediata na vida das companhias aéreas ou das empresas construtoras e de manutenção técnica e/ou nos aeroportos, por exemplo. O Reino Unido tem interesses importantes na Airbus, através da British Aerospace (BAe) desde 1997, além de sedear importantes fábricas de componentes para a indústria aeronáutica e aeroespacial, das quais a mais importante será, porventura, a Rolls-Royce, uma dos mais destacadas produtoras de motores para aviões.
Não há contudo motivos para grande dramatismo, pois o tecido empresarial encontrará certamente as soluções mais adequadas para que os negócios prossigam, sem quebras de produção ou de serviço, se bem com algumas variações de preços, agora tão inevitáveis, quanto incalculáveis. Por outro lado, há a questão laboral, que poderá obrigar à deslocação de postos de trabalho para fora do Reino Unido de forma a que as companhias possam continuar a beneficiar de algumas prerrogativas determinadas pelas diretivas comunitárias. Todavia, uma visão ainda pouco consistente, pois interessa saber o que acontece neste longo ‘day after’ do ‘Brexit’.
Da nossa parte, convenhamos que é necessário estarmos atentos à evolução dos acontecimentos, que se repercutirão com importância diferente nos países que integram o Espaço de Língua Portuguesa.
Há diferentes interesses em apreço. Portugal continua a ser membro da União Europeia mas é o mais antigo aliado do Reino Unido na Europa. Moçambique é membro associado na Comunidade Britânica (Commonwealth), mas beneficia de alguns acordos com a União Europeia, na qual se integrava o Reino Unido. O Brasil é uma das maiores economias da América do Sul, com acordos preferenciais com os países da União Europeia no âmbito das organizações a que pertence com outros países da América Latina, especificamente. Quanto aos outros países há laços, sobretudo comerciais e industriais, se bem que ao nível da cooperação não estejam grandes acordos ou negócios em aberto. Salvo na Guiné-Bissau onde o Orçamento Geral de Estado recebe uma grande comparticipação de dadores internacionais, com relevo para a União Europeia. Mas também neste país africano a relevância do negócio da aviação é pouco expressivo.
Há reações diversas de empresas construtoras e de companhias aéreas que, naturalmente, a partir de agora, iremos repercutir, resumindo e explicando as posições e ideias dos protagonistas da atividade a que nos dedicamos.