O Governo do Ruanda iniciou nesta sexta-feira, dia 9 de julho, uma ponte aérea para transporte de militares para o Aeroporto de Nacala (norte de Moçambique) que irão ajudar as Forças Armadas de Defesa (FADM) da antiga colónia portuguesa, a lutar contra a ameaça de segurança que se tem verificado no norte do País, nomeadamente na província de Cabo Delgado, desde 2017.
Um comunicado do Governo do Ruanda, distribuído na manhã desta sexta-feira em Kigali, indica que foi dado início ao destacamento de um contingente de 1.000 militares da Força de Defesa do Ruanda (RDF) e da Polícia Nacional do Ruanda (RNP) para a província de Cabo Delgado, Moçambique, atualmente afectada pelo terrorismo e pela insegurança.
A Força Conjunta trabalhará em estreita colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e forças da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em sectores de responsabilidade designados.
O contingente ruandês apoiará os esforços para restaurar a autoridade do Estado Moçambicano, conduzindo operações de combate e segurança, bem como de estabilização e reforma do sector da segurança (SSR).
Este destacamento baseia-se nas boas relações bilaterais entre a República do Ruanda e a República de Moçambique, na sequência da assinatura de vários acordos entre os dois países em 2018, e assenta no compromisso internacional do Ruanda proteger as populações civis afectadas por atos de guerra.
As primeiras atividades dos extremistas armados, que estão conectados com o denominado ‘Estado Islâmico do Iraque e do Levante’ (ISIL), foram lançadas na província de Cabo Delgado, em outubro de 2017. Os grupos de insurgentes autodenominam-se integrantes do ‘Al-Shabaab’, se bem que não sejam conhecidas ligações ao grupo do mesmo nome de origem somali.
As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) têm se mostrado manifestamente insuficientes e incapazes para dominarem e desalojar os agressores, que já provocaram milhares de mortos entre populações indefesas e estão na origem de um movimento de muitas dezenas de milhares de refugiados, que caminham para sul em direção a outras províncias.
Os ataques agravaram-se nos últimos dois anos, depois da tomada do porto de Mocímboa da Praia, em agosto de 2020, da captura da ilha de Vamizi, no Oceano Índico, em setembro do mesmo ano, e do ataque á localidade de Palma, em 24 de março de 2021, que matou dezenas de civis, entre os quais técnicos estrangeiros ao serviço da exploração de gás natural concessionada à petrolífera francesa ‘Total’, e onde estão investidos muitos milhões de dólares por várias empresas internacionais que também integram a exploração.
- Na imagem de abertura, distribuída pelas Forças Armadas do Ruanda, vemos o primeiro contingente do Exército a embarcar na manhã desta sexta-feira, num Boeing 737-800 da RwandAir com destino a Nacala.