A Ryanair abandonou na semana passada as bases operacionais que tinha nas Ilhas Canárias, conforme vinha prometendo desde há alguns meses. A companhia de baixo custo irlandesa alegou problemas de frota, criados pelo atraso nas entregas dos novos aviões Boeing 737 MAX, uma questão agravada pelas reivindicações dos tripulantes baseados nas ilhas atlânticas espanholas.
A empresa retirou os nove aviões baseados nas Canárias – quatro em Tenerife, três em Grã Canária e dois em Lanzarote – que faziam diariamente quatro voos cada para cerca de 40 aeroportos europeus, num total de 36 ligações diárias que permitiam a disponibilização de 6.804 lugares por dia para as ilhas Canárias.
Embora a ilha de Tenerife tenha conseguido recuperar os lugares perdidos com a saída da Ryanair, através de um acordo com a companhia britânica Jet2, que aumentou o número de lugares à partida de aeroportos do Reino Unido, o certo é que nas outras duas ilhas verificar-se-á, pelo menos nesta temporada de Inverno IATA, uma menor oferta de lugares à partida de aeroportos europeus. Notícias provenientes de Espanha indicam que há um maior esforço por parte da Vueling que abriu novas rotas em cidades espanholas, assim como da Binter, companhia baseada nas Canárias, que já tem ao seu serviço três aviões Embraer E195-E2 e que está a abrir novas rotas de cidades peninsulares.
Um outro problema criado com a saída da Ryanair é o desemprego de pilotos e assistentes de bordo, que receberam a nota de despedimento poucas horas antes da companhia abandonar as ilhas, e não duas semanas antes conforme prescrito na legislação laboral espanhola. Aliás, a companhia irlandesa é conhecida pelo mau relacionamento que tem com as leis laborais em cada país que trabalha, um facto que tem merecido protestos das estruturas sindicais em toda a Europa.
A imprensa das Canárias tem divulgado a preocupação dos demitidos já que, por via da má formulação dos processos de despedimento, alguns estão impedidos de aceder aos programas de proteção no desemprego, através dos serviços de Segurança Social em Espanha. A saída da Ryanair deve ter atirado para o desemprego cerca de 300 profissionais. De entre os pilotos cerca de 25% já conseguiu colocação noutras bases ou outras companhias aéreas, noticia o jornal ‘Canarias7’.