A companhia irlandesa de baixo custo Ryanair ameaça não manter os voos para os Açores durante o próximo Inverno IATA. A empresa pretende que seja eliminada uma nova taxa de três euros por passageiro, já anunciada pela ANA, e quer um incentivo de 10 euros por passageiro transportado nas rotas para a Região Autónoma portuguesa. Um montante que totaliza 13 euros. Trata-se de uma quantia que serviria para compensar o fim das isenções nas taxas de emissões de carbono, justifica a empresa aérea.
“Não se trata de um subsídio, mas sim de um incentivo”, diz o presidente executivo (CEO) da Ryanair, em entrevista ao ‘Jornal Económico’. “Não estamos a pedir esse dinheiro. É aqui que as pessoas se confundem: não estamos à procura de um subsídio. Estamos a pedir que as taxas não sejam aumentadas. E isso será extensível a todas as companhias aéreas, não só para a Ryanair. É só o que estamos a dizer”, afirma Eddie Wilson na entrevista ao jornal português especializado em temas económicos. Assim, os 13 euros colocariam “a situação no ponto em que estava antes dos aumentos”.
Presentemente, na corrente temporada de Verão IATA, a Ryanair opera 44 voos semanais em quatro rotas de e para a cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel. No entanto, o futuro desta ligação está em risco devido aos aumentos “exorbitantes” de preços da ANA, lê-se num comunicado distribuído pela companhia aérea na manhã desta quarta-feira.
“Mais de 3,5 mil milhões de euros do dinheiro dos contribuintes foram desperdiçados no resgate da TAP, mas o Governo nada fez para proteger a conectividade e o emprego nos Açores”, critica o CEO da Ryanair.
No Porto e em Faro, onde a companhia está a operar o seu maior horário de sempre este Verão, houve renegociação, lembra a companhia irlandesa de baixo custo. “O crescimento é resultado direto da intervenção da ANAC (Autoridade Nacional de Aviação Civil) de Portugal, que impediu o operador aeroportuário ANA de introduzir taxas excessivas nestes aeroportos”, comenta a transportadora aérea irlandesa.
Contudo, “a intervenção da ANAC não foi suficientemente longe, tendo a ANA aumentado as taxas para a Madeira e os Açores”, lamenta a Ryanair, apelando ao Governo português que tome medidas “urgentemente”, de modo a “proteger a conectividade e os empregos nos Açores”.
Atendendo a que a companhia aérea transportou no ano passado de e para os Açores um pouco mais de 300 mil passageiros durante o Inverno (150 mil chegadas e 150 mil partidas), a medida poderia ter um impacto de cerca de 3,9 milhões de euros.
A Ryanair começou a voar para os Açores em 31 de março de 2015, tendo baseado um avião Boeing 737-800 no Aeroporto João Paulo II na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel (a imagem de abertura, de arquivo, foi obtida antes do voo inaugural).