Tripulantes de cabina da Ryanair que estão afetos à base da companhia no Aeroporto de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores, serão dispensados a partir do próximo dia 1 de julho, anunciou uma fonte sindical, segundo um despacho da agência de notícias ‘Lusa’.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) refere numa nota de imprensa, que os tripulantes de cabina notificados, que foram contratados pela ‘Crewlink’, empresa que presta serviços à companhia de baixo custo irlandesa, “foram exatamente os mesmos que não assinaram a proposta de contrato de trabalho ilegal enviada pela Ryanair nos últimos dias”.
A proposta pretendia que “abdicassem dos créditos laborais anteriores a 2018″ e “aceitassem uma redução do seu vencimento abaixo do vencimento mínimo nacional ilíquido”.
A proposta da operadora aérea irlandesa previa também uma “autorização prévia para que pudessem ser transferidos para qualquer outra base do mundo em que a companhia opera, sem qualquer compensação para o efeito”.
Na sequência deste cenário, o SNPVAC solicitou uma audiência, com “caráter de urgência”, ao Governo Regional dos Açores, “não só para denunciar esta situação, bem como tentar entender qual a posição da companhia aérea irlandesa no arquipélago, dado que a empresa aérea recebeu, há relativamente pouco tempo, um milhão de euros do executivo açoriano para promover as ilhas no Reino Unido” (LINK notícia relacionada).
“Após semanas de ameaças, a companhia aérea ‘low cost’ irlandesa, com quatro bases em Portugal, passa das palavras aos atos. Tememos que esta suspensão da prestação de serviços se alastre aos tripulantes de cabina nas mesmas condições nas outras bases em que a Ryanair opera em Portugal, provocando uma dispensa de centenas de trabalhadores”, declara Ricardo Penarroias, da direção do SNPVAC.
Para o sindicato, esta “é uma forma camuflada de despedir trabalhadores durante o período de lay-off, apesar de, segundo a lei em vigor, não ser possível efetuar despedimentos durante, pelo menos, 60 dias após terminar este apoio do Governo português”.
De acordo com o SNPVAC, tal como aconteceu no início do ano na base de Faro, estes contratos com a ‘Crewlink’ “já não são válidos, pois, ao fim de dois anos, os trabalhadores em questão já deveriam estar integrados nos quadros da Ryanair”.
“Sendo a ‘Crewlink’ uma empresa de trabalho temporário, a grande maioria dos seus trabalhadores tem contratos há quase 10 anos, permanecendo com um vínculo precário”, frisa o sindicato.
A Ryanair assegura atualmente ligações aéreas dos Açores, dos aeroportos de Ponta Delgada e da Terceira, para Lisboa e Porto, bem como para Londres.