O recurso a trabalhadores com “experiência quase nula” durante a greve da Portway poderá colocar em causa a segurança de voo, alertou nesta terça-feira, dia 16 de agosto, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), no pedido de audiência aos grupos parlamentares.
Os trabalhadores da Portway dos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira anunciaram uma greve, convocada pelo SINTAC, para os dias 26, 27 e 28 de agosto.
“Importa reiterar que esta greve poderá criar inúmeros constrangimentos ao funcionamento dos aeroportos e – pelas notícias que nos vão chegando – colocar em causa a segurança operacional”, indicou o SINTAC no pedido de audiência aos grupos parlamentares, a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso.
A estrutura sindical referiu ter conhecimento de que podem ser chamados colaboradores de empresas de trabalho temporário, “com experiência quase nula, que poderão vir a colocar em causa a segurança de voo”.
Soma-se ainda uma possível utilização de trabalhadores a executar tarefas que não correspondem à sua categoria profissional, “o que a verificar-se constituirá não só uma violação do direito à greve, como mesmo um crime”.
O sindicato enviou nesta terça-feira um pedido de audiência aos grupos parlamentares para apresentar os motivos que levaram à convocação da greve, lamentando os “tempos conturbados” vividos no setor aeroportuário e de aviação.
“Vive-se na empresa um momento laboral de conflito latente, atendendo a várias atitudes da empresa, sem precedentes, na Portway/VINCI, que incluem um ambiente de profundo descontentamento e intimidação dos trabalhadores, designadamente, com o bloquear das progressões de carreira através de avaliações arbitrárias impostas aos trabalhadores, bem como a ausência de aumentos salariais há mais de cinco anos”, lê-se no documento.
Na sexta-feira, o SINTAC e a Portway, que estiveram reunidos com a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), não chegaram a acordo quanto à definição dos serviços mínimos para a greve.
O pré-aviso prevê a paralisação geral dos trabalhadores da empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, com início às 00h00 do dia 26 de agosto e fim às 24h00 de 28 de agosto.
O SINTAC acusa ainda a empresa de promover um “clima de terror psicológico, onde proliferam ameaças e instauração de processos disciplinares, criando uma instabilidade social sem ímpar na história da empresa”.
Assim, os trabalhadores reivindicam o cumprimento do Acordo de Empresa de 2016 e uma avaliação de desempenho que não sirva para evitar progressões.