A South African Airways (SAA) acaba de ultrapassar uma etapa significativa com vista à retoma das suas operações regulares na República da África do Sul. A Autoridade de Aviação Civil do país renovou o Certificado de Operador Aéreo (COA) e a empresa prepara-se para reativar a frota, agora necessariamente mais reduzida e adequada à procura e ao momento de crise que vive o sector da aviação comercial, em geral, e a África do Sul, em particular.
Thomas Kgokolo, presidente executivo interino da companhia aérea, considera que “este é um desenvolvimento importante, pois a SAA prepara-se para voltar aos céus em apenas algumas semanas”.
Na sede da empresa, em Airways Park, no Aeroporto Internacional Oliver Tambo, na cidade de Joanesburgo, nos hangares e nos terminais aeroportuários em todo o país, “a nossa equipa trabalha arduamente para concluir as fases preparatórias finais antes de fazermos um anúncio oficial sobre a data exata da descolagem”, explica Kgokolo em comunicado divulgado nesta semana.
O responsável interino pela gestão da companhia aérea sul-africana, parada desde outubro de 2020, devido a graves problemas económico-financeiros que resultaram na sua falência, anunciou que a SAA está a acelerar a sua prontidão. Já foram confirmadas todas as chefias operacionais, assim como os pilotos e engenheiros que irão estar à frente da formação das novas equipas de profissionais. Dentro de duas semanas todos os quadros estarão preenchidos. Já estão a decorrer os treinos e a reciclagem de conhecimentos das equipas de tripulantes de bordo, de acordo com os tipos de avião que serão integrados na nova frota.
“Mais uma vez quero agradecer a todos os nossos pilotos, aos que permanecem e aos que partem, pelo serviço que prestam e têm prestado à SAA, colocando sempre a segurança e o profissionalismo em primeiro lugar, o que fez da SAA uma das companhias aéreas mais admiradas no mundo”, diz ainda Thomas Kgokolo, citado no comunicado distribuído pela empresa.
A South African Airways vem de uma situação económica muito difícil, com resultados negativos desde 2011, que acabaram por ditar a sua falência em dezembro de 2019, não obstante constantes injeções de dinheiro por parte do Governo da África do Sul. Em março de 2020 deixou de fazer voos regulares, na fase de disseminação do novo coronavírus que provocou a pandemia de covid-19. Fez ainda vários voos de resgate de cidadãos sul-africanos que estavam no estrangeiro, tendo deixado de voar em outubro de 2020.
Nos últimos meses o Governo da África do Sul esteve a negociar com diversos parceiros africanos, muitos de dimensão internacional, para encontrar o sócio certo para a recuperação da companhia aérea de bandeira do País. Em junho passado anunciou a conclusão de um acordo com o ‘Takatso Consortium’ que tomou 51% do capital da SAA, numa sociedade onde o Estado da África do Sul ficará com 49%.
Na opinião de importantes analistas da área da aviação comercial em África, foi encontrada a melhor solução, já que satisfaz algumas condições que tinham sido impostas pelo executivo sul-africano como objectivos para o sucesso da refundação da companhia aérea nacional: ter maioria de capital privado, titulado por empresas ou investidores africanos vinculados ao que, nos últimos anos, se tem denominado por empoderamento negro.
O Consórcio Takatso é constituído pela Harith General Partners, uma holding de empresas que são proprietárias e gestoras de diversas infraestruturas africanas – por exemplo, é dona do Aeroporto Internacional de Lanseria, um aeroporto privado no noroeste da cidade de Joanesburgo; e pela Global Aviation, uma empresa sul-africana que conta com 20 anos de atividade em diversos sectores da aviação comercial, nomeadamente no aluguer de aeronaves, gestão de tripulações técnicas e da manutenção de aeronaves.
O consórcio anunciou que irá aplicar o equivalente a cerca de 222 milhões de dólares norte-americanos na recuperação da SAA.