A Stelia Aerospace vai investir 40 milhões de euros na instalação de uma nova linha de montagem em Santo Tirso, no distrito do Porto, no norte de Portugal. A empresa, que integra o universo da construtora aeronáutica europeia Airbus, tem cinco unidades e diversas subsidiárias em África e na América, onde produz aeroestruturas e assentos para pilotos e para passageiros de Primeira Classe e Classe Executiva.
O investimento previsto para Portugal implica a criação de mais 240 postos de trabalho, “30 dos quais altamente qualificados” em Santo Tirso, segundo um comunicado divulgado pela empresa na semana passada.
“A criação desta nova unidade faz parte da estratégia da criação da Stelia Aerospace”, diz Cédric Gautier, presidente executivo desta subsidiária da Airbus (foto de abertura). “Isso também permitirá absorver potenciais aumentos de atividade dos nossos clientes”, destaca.
A empresa, que factura 2.200 milhões de euros por ano tem sete mil trabalhadores (4.500 em França e 2.500 na América do Norte, Tunísia e Marrocos) que projetam e fabricam desde secções de fuselagem para todo o grupo Airbus, asas para ATR, fuselagens centrais para a Bombardier e componentes complexos metálicos e compósitos para a Boeing (a maior concorrente da Airbus), a Embraer, a Northrop-Grumman.
A anunciada linha de montagem de Santo Tirso irá ocupar 72 mil metros quadrados na Zona Empresarial, segundo revelou a Câmara Municipal local. A oportunidade de ganhar uma nova fábrica para este concelho do norte de Portugal, com pouco mais de 70 mil habitantes. começou a desenhar-se em Janeiro. Num concelho em que 60% das receitas são do sector secundário e 66% do valor acrescentado bruto vem do esforço da indústria, a diversificação industrial é bem-vinda, para diminuir o peso do têxtil e vestuário, que representa 44% do volume de negócios na indústria local.
“Como todos sabemos, nesta área é comum que outras empresas do cluster industrial se juntem e, por isso, esperamos que outros investimentos surjam”, afirma o presidente da autarquia. “Estamos a falar de uma empresa altamente especializada, o que vai de encontro, também, àquelas que são as expectativas da Câmara de Santo Tirso, de que seja criado emprego qualificado.”
A AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal confirmou que a escolha da Stelia Aerospace recaiu sobre Portugal, depois do jornal ‘Expresso’, há duas semanas, ter indicado que deveria ser anunciado o novo investimento, sem, contudo, se referir ao investidor. As razões, diz a agência, são a “relevante experiência no sector aeronáutico, a disponibilidade de talento, a integração na Zona Euro e a proximidade geográfica com as localizações francesas da Stelia Aerospace” (o que facilita a logística), lê-se numa nota de imprensa distribuída pela mesma entidade pública, responsável pela captação de investimento estrangeiro em Portugal.
“Esta nova unidade desenvolverá as atividades de montagem de subconjuntos de estruturas aeronáuticas, que serão depois exportadas para as unidades da Stelia Aerospace de Méaulte e Rochefort, em França, para aí serem integradas. A atividade começará no final [de 2019] e aumentará progressivamente para atingir a velocidade cruzeiro até 2023”, lê-se ainda.
É um investimento que “reforça a posição de Portugal no sector aeronáutico”, considerou por seu lado o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, que na semana passada (29 de outubro) visitou uma outra empresa do concelho de Santo Tirso, de capitais suíços, que fornece revestimento de assentos e tapetes a 320 companhias aéreas de todo o mundo. “O sector aeronáutico não existia há coisa de uma década, hoje em dia já é responsável por 1,4% do PIB, fortemente virado para as exportações, e continuamos a atrair investimento qualificado neste sector”, argumenta o governante.