O ministro dos Negócios Estrangeiros português e o seu homólogo venezuelano, reuniram-se na segunda-feira, dia 24 de fevereiro, na cidade de Genebra, na Suíça, uma semana depois do Governo de Nicolas Maduro ter proibido os aviões ao serviço da TAP Air Portugal de escalar aeroportos da Venezuela ao aplicar-lhe uma pena de suspensão de noventa dias.
Augusto Santo Silva confirmou a realização da reunião em declarações à estação pública de televisão portuguesa, a RTP, facto que também foi referido pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, na sua conta de Twitter, uma mensagem partilhada em diversas contas de instituições venezuelanas ligadas ao regime, com a indicação apenas de reunião de trabalho entre as duas delegações nacionais.
O motivo, confirmou o ministro Santos Silva, foi falar sobre o “incidente diplomático e de segurança” descoberto pelas autoridades venezuelanas, após Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, líder da oposição, e auto-proclamado presidente interino da Venezuela – reconhecido por 50 países – ter regressado a Caracas num voo da TAP, na companhia da comitiva que com ele viajou a diversos países na Europa e na América.
“Devido às graves irregularidades cometidas no voo TP173, e em conformidade com os regulamentos nacionais da aviação civil, as operações da companhia aérea TAP ficam suspensas por 90 dias”, disse o ministro dos Transportes da Venezuela, Hipólito Abreu, na sua conta no Twitter, no passado dia 17 de fevereiro.
Santos Silva disse à RTP que a reunião foi para conversarem sobre o incidente, tendo o ministro português revelado ao seu homólogo venezuelano que um inquérito governamental em Portugal, não detetou qualquer fuga nos sistemas de vigilância no Aeroporto de Lisboa e muito particularmente nesse voos que foi feito por uma companhia contratada pela TAP.
Segundo o canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV), que pode ser considerado a voz oficiosa do regime de Maduro, os dois ministros “falaram sobre temas de interesse para ambas as nações”.
“Na reunião, ambos os diplomatas reiteraram a disposição de continuar a trabalhar para consolidar as relações bilaterais”, indicou a VTV, acrescentando que o encontro teve lugar à margem da 43.ª Sessão Ordinária do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidades, que decorre em Genebra, na Suíça.
A 17 de fevereiro, o Governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, suspendeu por 90 dias as operações da companhia aérea portuguesa TAP “por razões de segurança”, após acusações de transporte de explosivos num voo oriundo de Lisboa, no qual viajou Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino do país.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, considerou, no dia 18, que a decisão das autoridades de Caracas era “inamistosa” e “injustificada”.
No mesmo dia, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou a suspensão por 90 dias dos voos da TAP para a Venezuela, considerando-a injusta, inaceitável e incompreensível.
A companhia aérea portuguesa TAP reagiu à sanção imposta pelo executivo de Maduro, referindo que “não compreende” a suspensão de voos que lhe foi aplicada, garantindo que esta é uma “medida gravosa”, que prejudica os passageiros.
Entretanto, um relatório da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) iliba a companhia aérea TAP e o aeroporto de Lisboa de terem violado as regras de segurança no caso de um voo para a Venezuela, segundo o Ministério da Administração Interna.
Segundo Eduardo Cabrita, os resultados de uma investigação ordenada por Portugal “são muito claros ao indicar que, no aeroporto de Lisboa, na atuação quer das autoridades aeroportuárias, quer da companhia aérea TAP, não houve nenhuma violação de regras de segurança”, disse à RTP.
Santos Costa disse que apresentou a Jorge Arreaza a posição do Governo Português, ouviu com atenção o seu homólogo, e acrescentou que o trabalho diplomático prossegue agora nos devidos canais, tendo em vista solucionar o incidente e levar de volta à Venezuela os voos da TAP, pois são muitos milhares os Portugueses que vivem neste país sul-americano, onde também existe escassez de voos internacionais por parte das companhias aéreas venezuelanas e estrangeiras, por motivos bem conhecidos.