A Administração da TACV, companhia aérea da República de Cabo Verde, constituída por capitais públicos, presentemente em processo de privatização, informou, no sábado, dia 23 de junho, que está em curso a reprogramação dos pagamentos das indemnizações aos trabalhadores dispensados no âmbito da reestruturação da empresa e assegurou estar a cumprir as condições acordadas.
“Neste momento está a decorrer uma reprogramação dos desembolsos que vai permitir dar continuidade ao processo” adiantou a administração, em comunicado, depois de um dos sindicatos representante dos trabalhadores ter acusado, na sexta-feira, a empresa de falhar o prazo para o pagamento das referidas indemnizações.
Em conferencia de imprensa, o Sindicato de Indústria, Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (SITHUR) afirmou que os prazos para o pagamento das indemnizações terminaram a 10 e 14 de junho, considerou o atraso injustificado e exigiu o pagamento imediato das indemnizações sob pena de recorrer a tribunal.
O sindicato questionou também o paradeiro do empréstimo de 13,5 milhões de euros que o Governo disser ter contraído para indemnizar os trabalhadores.
“Os objetivos do ‘retrenchment’ (redução de custos) serão cumpridos e não há motivos para a SITHUR querer insistir em transmitir sinais negativos, que em nada abonam todo o esforço feito até o momento”, prossegue a empresa.
A agência noticiosa portuguesa Lusa contactou os serviços de comunicação da TACV para obter mais esclarecimentos relativamente à referida reprogramação dos desembolsos das indemnizações, não tendo obtido resposta até ao momento.
No comunicado, o conselho de administração da TACV sustentou que “está a ser feito um trabalho notável e sério” no âmbito do redimensionamento da companhia aérea pública cabo-verdiana, adiantando que “a longa negociação e as condições acordadas com o SITHUR estão a ser cumpridas”.
“Trata-se de um processo complexo, mas que está a ser gerido com o rigor necessário”, acrescentou.
A administração da empresa disse ainda que o valor do empréstimo está a ser usado para “indemnizar os trabalhadores, mas também para assegurar as condições necessárias para a mudança de base e para garantir a formação dos recursos humanos que permita manter e converter a tripulação para poder operar aviões jato”.
“Os compromissos assumidos com os trabalhadores são para cumprir e a companhia reitera o fiel cumprimento do memorando de entendimento e o foco em alcançar os objetivos traçados”, reforçou.
A companhia aérea pública cabo-verdiana TACV está em processo de reestruturação, tendo o Governo assinado com o grupo islandês Icelandair um contrato de gestão para preparar a empresa para a privatização, surgindo o grupo como o mais forte parceiro para a operação.
O processo deverá implicar o despedimento de mais de 200 trabalhadores e o Governo anunciou ter contraído, junto do BNI Europa, um empréstimo comercial de 13,5 milhões de euros para o pagamento das indemnizações.
Anunciou igualmente estar a negociar com o Banco Mundial a disponibilização de fundos, que deveriam estar disponíveis no primeiro trimestre, para liquidar este financiamento.
Com um passivo acumulado de mais de 100 milhões de euros, a companhia, que mudou a sua base operacional da capital cabo-verdiana para a ilha do Sal, assegura agora apenas as ligações internacionais depois de ter sido cedido à Binter Cabo Verde o mercado doméstico. A designação comercial da empresa também passou de ‘TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde’ para ‘Cabo Verde Airlines’.