A TAP está disposta a apoiar a oferta formativa escolar na área de mecânicos de aeronaves e de material de voo em Portugal e a alargá-la para regiões periféricas do País, fora da habitual base de Lisboa, onde, também, exista procura por profissionais com tais habilitações, nomeadamente próximo de infraestruturas aeroportuárias.
A iniciativa a que se propõe a TAP resulta da grande necessidade de profissionais dessa área, situação criada pelo crescimento da atividade aeronáutica nacional. E não só, se tivermos em conta que as necessidades desses profissionais, a nível mundial, para os próximos anos, que apontam para a entrada de 769.000 novos mecânicos de manutenção aérea neste sector industrial, segundo estimativas da Boeing.
A formação de técnicos habilitados para o desempenho de tais funções não encontra resposta no sistema de ensino nacional, pelo que as companhias aéreas portuguesas e os centros de manutenção, revisão e reparação de aeronaves existentes não conseguem ir buscar os seus mecânicos às escolas oficiais. Os jovens portugueses interessados em seguir essas carreiras profissionais são obrigados a frequentar cursos em escolas especializadas, privadas, que existem em Portugal, mas que são muito caras, exigindo um grande investimento das famílias e dos interessados em seguir essas carreiras.
O que a TAP faz desde há alguns anos é formar os seus próprios mecânicos de aeronaves e de material de voo, com cursos ‘Ab-initio’. A oferta formativa que existe, e que a TAP já pratica desde há alguns anos, são esses cursos para técnicos de Certificação (categorias A, B1 e B2), com a duração de dois anos, abertos a candidatos que já possuam o 12º ano de escolaridade e que provenham da vertente técnica.
Desde 2015 que a TAP tem se interessado em congregar o interesse de diversas entidades para o lançamento de um projecto nacional, no âmbito escolar, para facilitar o acesso dos jovens interessados a uma formação adequada, reconhecida e certificada, com menos custos para as famílias, e de forma a responder às necessidades do mercado.
A ideia, considerada inovadora, foi lançada a 27 de janeiro de 2015 e entusiasticamente recebida pela ANQEP (Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional), que tem por missão “coordenar a execução das políticas de educação e formação profissional de jovens e adultos e assegurar o desenvolvimento e a gestão do sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências”.
Em abril desse ano, a ANQEP convocou uma reunião com diversos players nacionais do sector, incluindo a Força Aérea Portuguesa, para quem o tema da formação de mecânicos de aviões é também relevante.
A ideia do referencial nacional de formação e qualificação de mecânicos de avião apresentada pela TAP foi bem acolhida, tendo sido constituída uma comissão na qual se integraram, ao tempo, representantes da TAP, Portugália Airlines, SATA e OGMA. A coordenação dos trabalhos ficou atribuída à TAP.
Depois de alguns atrasos, porque foi sempre uma atividade extra-laboral para os integrantes da comissão, o trabalho deste grupo foi apresentado a 6 de novembro de 2018, na ANQEP, tendo sido aprovado pelo Conselho Sectorial para a Qualificação Transportes e Logística e pelo Conselho Sectorial para a Qualificação Metalurgia e Metalomecânica. Foi publicado no Boletim de Trabalho e Emprego nº 45 a 8 de dezembro de 2018, tendo entrado em vigor no mesmo dia.
Foi assim elaborado e oficializado o Referencial de Mecânico de Aeronaves e de Material de Voo através da sua inclusão no Conselho Nacional de Qualificação (CNQ) que servirá de base ao lançamento dos cursos no sistema de ensino nacional.
Cabe agora às Escolas Profissionais construírem as ofertas formativas para Mecânicos de Aeronaves e de Material de Voo, abertos a todos os géneros, para que os jovens a partir do 9º ano de escolaridade obrigatória possam seguir essa carreira.
Para além da parte teórica, as Escolas Profissionais deverão equipar-se com laboratórios que permitam executar as formações práticas simuladas.
Complementarmente deverão ser estabelecidos protocolos entre as Escolas Profissionais e as organizações de manutenção nacionais para que os formandos possam desde logo contatar com a realidade aeronáutica.
Autarquia alentejana entre as entidades que já manifestaram o seu interesse
Tem sido notório que, um ano após a oficialização do Referencial de Mecânico de Aeronaves e de Material de Voo, nenhum estabelecimento oficial de ensino profissional se manifestou interessado em leccionar estes cursos aprovados para o sector da aviação, pelo que foi a TAP, uma das principais empresas nacional interessada na captação desta mão-de-obra especializada, à procura de entidades que possam dar o empurrão para o lançamento da formação.
Para já sabe-se que uma autarquia do distrito de Beja, relativamente próxima do Aeroporto de Beja, infraestrutura vocacionada para a instalação de empresas de manutenção aérea e prestação de serviços técnicos no sector da Aviação, manifestou grande disponibilidade para o lançamento dos novos cursos e acolheu entusiasticamente a ideia.
Lançados os primeiros passos para a instalação do curso, em pleno Alentejo, os contactos prosseguem agora entre a Universidade Corporativa da TAP e a referida autarquia, que procurarão obter os necessários apoios das entidades governamentais responsáveis pela tutela da Educação em Portugal.
A abertura é nacional e quanto mais municípios e escolas profissionais aderirem melhor e existem já várias entidades a nível nacional que sondaram a TAP e agendaram reuniões.
Interessante a matéria mas o problema é que colocam muitos obstáculos para as pessoas que têm realmente interesse, desmotivando muitos dos que têm cursos ou experiências na área de manutenção em outros segmentos e pensam em mudar a área.
Deveria ser menos burocrático do meu ponto de vista. É que muitos querem, mas poucos têm amor à área de manutenção.
A Manutenção é como pintura de arte, tem que ter coração, vontade, determinação, gosto por essa área.