A TAP Portugal celebrou os seus 70 anos com uma cerimónia comemorativa e a inauguração de uma exposição sobre a Linha Aérea Imperial, no Museu do Ar, em Sintra. Fernando Pinto, presidente executivo da companhia, afirmou que “70 anos é um marco verdadeiramente histórico para qualquer companhia aérea” e um “sinal de grande experiência e maturidade, de resiliência, modernidade e vitalidade, no quadro de uma indústria cada vez mais exigente e competitiva”.
Fernando Pinto sublinhou tratar-se de “um dia especial, de grande significado para todos nós e uma homenagem aos fundadores, pioneiros e a todos os que a construíram, com muito trabalho, muita dedicação e enorme esforço. São inúmeros os marcos históricos que poderíamos comemorar, desde o primeiro voo comercial para Madrid, à maior rota jamais efectuada por uma companhia aérea (Linha Aérea Imperial) ao primeiro voo transatlântico com o DC4, o Super Constellation, a entrada no jacto com os Super Caravelles, os B747, os Lockheed TriStar e os Airbus, o grande salto tecnológico da Europa”.
Por sua vez, Frederico Delgado Rosa, neto e biógrafo de Humberto Delgado, frisou que “estamos a celebrar, não apenas o nascimento de uma companhia aérea, há 70 anos, estamos a celebrar uma companhia aérea verdadeiramente mítica que reverbera no imaginário e no sentimento dos portugueses esse mito que é a TAP, inscrito na história de Portugal como no seu futuro, e da qual faz parte, o igualmente mítico Humberto Delgado, seu criador, então tenente-coronel. É a única companhia aérea do mundo em que o seu fundador é um herói da liberdade. A TAP orgulha-se do seu fundador. O poeta escreveu sobre o meu avó: ‘do alto da sua morte, ei-lo que vem de cada vez que Portugal o chama’. Humberto Delgado orgulha-se da TAP, daquilo que é hoje, do que alcançou em 70 anos de história e do papel que representa em Portugal e no Mundo”.
“Só quem é muito imprudente, projecta o futuro sem olhar para a história”, lembrou o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, que encerrou a sessão. “Os trabalhadores vêm falar comigo e invariavelmente, pedem: ‘faça o que tiver de fazer, mas cuide de nós e do nosso futuro’. Não se trata de uma relação em que competimos por quem ama mais a TAP”, frisou. Sérgio Monteiro defendeu a privatização da TAP para “garantir que a TAP tem condições para enfrentar três desafios fundamentais: o primeiro é o de responder às necessidades de investimento de todos conhecidas e por todos reconhecidas. Não é possível fazermos a renovação da frota que precisamos se não tivermos condições para capitalizar a companhia. Se não criarmos condições para um investimento que, hoje, é feito exclusivamente de dívida. Porque essa é, infelizmente, a realidade que a TAP tem por conta do accionista que tem. Segundo desafio, complementar ao investimento: nós vivemos uma concorrência crescente no mercado nacional e no mercado europeu. A TAP precisa de ferramentas idênticas às de essas empresas para poder com elas concorrer da mesma forma. O terceiro desafio, para o qual importa dar resposta, para que os próximos 70 anos se possam pintar das mesmas cores, é criar condições para a continuação da valorização profissional dos seus colaboradores. Os cenários que temos pela frente são cenários que, com um acréscimo de concorrência e uma incapacidade de investimento, nos levarão inevitavelmente a uma TAP mais pequena”.
- Fotos: André Garcez/NewsAvia