TAP ME Brasil encerrada definitivamente no sábado, dia 28 de maio

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A empresa ‘TAP Manutenção e Engenharia Brasil S/A’ (TAP ME Brasil) encerrou as suas operações no passado sábado, dia 28 de maio, noticiou a imprensa brasileira da especialidade. O portal de notícias de aviação ‘Aeroflap’ escreveu que o fecho das oficinas da TAP encerrou com a conclusão dos trabalhos de manutenção programada e respetiva entrega de uma aeronave Airbus A330-200 da companhia canadiana Air Transat, matrícula C-GTSJ.

A TAP ME adquiriu em 2006 dois parques de manutenção de aviões no Brasil, que tinham pertencido à companhia aérea brasileira Varig, que tinha entrado em processo de dissolução, após declaração de falência. Foi desde início um mau negócio para a companhia aérea portuguesa, que recebeu as instalações de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, após uma negociação com as autoridades brasileiras, que permitiram à TAP abrir dezenas de voos semanais para oito cidades brasileiras, uma expansão que prosseguiu nos anos seguintes e que tornou a companhia portuguesa na empresa europeia de transporte aéreo com mais voos regulares entre o Brasil e a Europa (chegou aos 82 semanais antes da pandemia). Contudo, a razão principal da aquisição foi o facto da TAP ter feito alguns empréstimos à extinta Varig no período conturbado, anterior ao seu encerramento, e ter recebido depois o negócio de manutenção da companhia brasileira (VEM – Varig Engenharia e Manutenção S/A) para pagamento desses créditos, calculados, então, em cerca de 24 milhões de dólares.

As dificuldades sentidas no Brasil, devido sobretudo a uma grande deriva entre custos e benefícios, levou a TAP a encerrar o hangar de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, em 2018, reduzindo significativamente os prejuízos. Negociou com os trabalhadores e vendeu as instalações.

No início, em 2007, quando a TAP assumiu as antigas instalações da VEM, havia um quadro de cerca de 2.000 trabalhadores, a maioria engenheiros e técnicos de manutenção aérea, que trabalhavam para diversas companhias da América Latina, nomeadamente as brasileiras TAM (depois LATAM Airlines Brasil) e GOL, que, entretanto, montaram os seus próprios serviços de manutenção.

A TAP ME Brasil foi perdendo clientes e importância, sobrecarregada numa descontrolada estrutura de custos. No passado dia 14 de janeiro de 2022, a TAP anunciou o encerramento da ‘TAP ME Brasil S. A.’, quando já só tinha cerca de 500 funcionários, cuja situação laboral está a ser resolvida através de negociação, entre as partes. Uma decisão decorrente, não só da insustentável situação económica-financeira da TAP ME Brasil, mas por que o Plano de Reestruturação aprovado por Bruxelas assim exigiu.

A empresa brasileira foi um sorvedouro de dinheiro para a companhia aérea portuguesa ao longo de década e meia. O jornal digital de economia ‘Eco’, que se publica em Lisboa, escreveu, em abril passado, que “tudo somado, fazer a reestruturação societária da TAP SGPS e fechar o negócio da manutenção no Brasil custará 1.024,9 milhões”. O valor foi integralmente reconhecido nas contas de 2021 do grupo português de aviação comercial, tendo contribuído de forma decisiva para o prejuízo de 1.600 milhões da TAP no ano passado.

Números recolhidos e divulgados em Lisboa pela agência portuguesa ‘Lusa’, mostram que a empresa de manutenção brasileira recebeu 538 milhões de euros em injeções financeiras do grupo TAP, entre 2010 e 2017.

 

  • A imagem de abertura é de arquivo e mostra o interior de um dos hangares das instalações da TAP ME Brasil, no aeroporto de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, encerradas já em 2018.

 

 

 

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