Thomas Cook não convence os bancos – Falência será anunciada nesta 2ª feira

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O operador de viagens e turismo Thomas Cook, que também opera companhias aéreas em alguns países europeus, sob as designações Thomas Cook Airlines e Condor (Alemanha), e que desde há vários meses se encontra em dificuldades financeiras, não conseguiu obter os 200 milhões de libras esterlinas necessários para assegurar o seu futuro, pelo menos no Reino Unido.

A empresa, com 178 anos de história, tinha previsto assinar no final da semana passada um pacote de resgate com o seu maior acionista, o grupo chinês Fosun Turismo, estimado em 900 milhões de libras esterlinas (1.023 milhões de euros), mas foi adiado sucessivamente pela exigência dos bancos de ter novas reservas para o inverno.

A Thomas Cook enviou na semana passada uma nota à Bolsa de Londres, em que revelou que as negociações para chegar a um acordo sobre “os termos finais da recapitalização e reorganização continuavam entre a Thomas Cook e várias partes interessadas, incluindo o grupo chinês Fosun e seus afiliados”.

Estas negociações incluíam um pedido recente de uma reserva sazonal de 200 milhões de libras esterlinas, que são fundos adicionais para a injeção de novo capital de 900 milhões de libras anunciadas anteriormente, acrescentou a empresa.

Se o acordo fosse bem sucedido, o Grupo Fosun Turismo seria dono da maioria dos operadores turísticos Thomas Cook e teria uma participação minoritária na companhia aérea. A empresa emprega cerca de 22.000 pessoas, 9.000 delas no Reino Unido, e atende 19 milhões de clientes por ano em 16 países.

Os jornais e outros meios de informação económica e financeira britânicos e internacionais destacam neste fim-de-semana que a empresa não conseguiu o dinheiro para o resgate e que o Governo Britânico se recusou a financiar a continuidade do grupo de viagens. Optou por financiar a operação de resgate dos cerca de 150.000 turistas britânicos que se encontram fora do Reino Unido em férias em diversas partes do mundo. O ‘Project Matterhorn’ assim se denomina a operação de repatriamento, vai começar na manhã desta segunda-feira, dia 23 de setembro, após a declaração de falência e pedido de proteção judicial que deverá ser anunciada pela Thomas Cook na madrugada ou manhã, logo que estejam nos aeroportos os aviões que na noite deste domingo estão a  regressar ao Reino Unido.

A operação, da responsabilidade da Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido (CAA) tem um custo avaliado em 682 milhões de euros (600 milhões de libras). A imprensa britânica noticiou que está lançada a maior operação de resgate de britânicos de que há memória, em tempos de paz. Vários meios aéreos estão já a ser contratados para transportar de regresso a casa  milhares de turistas britânicos.

O primeiro avião identificado para a operação é uma Airbus A380 da Malaysia Airlines (registo 9M-MNF), que chegou ao Aeroporto de Manchester, na Inglaterra, no final da noite deste domingo. Contudo, há notícia de que outros aparelhos de companhias comerciais estrangeiras voaram vazios para aeroportos britânicos aguardando ordem para arrancar nesta segunda-feira. A operação, avisaram as autoridades britânicas, deverá demorar até duas semanas.

O Governo Britânico será assessorado nesta operação de resgate pela KPMG, uma multinacional de auditoria e contabilidade, que também assessorou o governo de Londres, aquando da falência da Monarch.

Mas, atenção, o prejuízo é muito maior, porque não se resume apenas ao Reino Unido. Outros países e outras entidades reguladoras da aviação civil nacionais terão de responsabilizar-se pelo retorno dos restantes 450 mil turistas que estão também em viagem, da responsabilidade de operadores turísticos da Thomas Cook, com base em outros países, nomeadamente europeus.

 

  • Na imagem de abertura vemos alguns aviões do grupo Thomas Cook no Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo. A imagem obtida pelo spotter Rui Sousa no passado dia 23 de maio deste ano mostra a grande afluência de aviões do operador de matriz britânica. Com a queda da Thomas Cook estima-se que o aeroporto da Madeira perca cerca de 10 por cento do seu movimento de aviões e de passageiros. Será mais prejudicado do que o do Algarve, onde chegam também aviões das companhias da Thomas Cook.

 

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