Trabalhadores da SATA Air Açores prometem agir para evitar “destruição” da companhia aérea

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A Comissão de Trabalhadores (CT) da companhia portuguesa SATA Air Açores (empresa da SATA Holding responsável pelos voos interilhas no arquipélago dos Açores) alertou nesta segunda-feira, dia 3 de junho, que a companhia aérea está à “deriva e num completo desnorte operacional”, acusando o Governo Regional de “negligência” e prometendo agir para evitar a “destruição” da empresa.

“Os trabalhadores não vão ficar inativos a assistir à destruição da sua empresa. Não havendo resposta por parte do Governo Regional, os sindicatos agiram e agirão sempre em conjunto e em conformidade na defesa da SATA Air Açores”, refere a CT da transportadora do grupo SATA responsável pelos voos entre as ilhas açorianas.

Em comunicado, a CT adianta que esteve reunida com os sindicatos representativos de todos os trabalhadores da SATA Air Açores e com os representantes dos funcionários no conselho de administração para “manifestar a sua enorme preocupação pelo caminho que a companhia está a seguir”.

Salientando que a empresa é “estruturante para os Açores”, os trabalhadores denunciam a “falta de equilíbrio financeiro”, de “planeamento de rotas” e a “escassez de recursos humanos em todas a áreas”.

A CT alerta também para o “desequilíbrio entre a parte operacional e a parte comercial” e a “incapacidade em cumprir as necessidades de manutenção”, criticando as “sucessivas gerações de maus gestores e de políticas erróneas” que “infligem danos irreparáveis que, mesmo amplamente denunciados, teimam em repetir-se”.

“Os sucessivos governos regionais têm sido negligentes enquanto acionistas, permitindo a degradação permanente da melhor ferramenta de coesão territorial que pode existir numa região com a elevada descontinuidade geográfica como a nossa”, lê-se no comunicado.

Os trabalhadores da SATA Air Açores realçam que os conselhos de administração e os governos regionais “vêm e vão sem que nunca se apurem responsabilidades”, levando a que sejam os “trabalhadores a sofrer ciclicamente as consequências”.

“O atual Governo Regional dos Açores tem mostrado a mesma atitude negligente que se evidencia, em primeira instância, na falta de nomeação de um conselho de administração em plenitude de funções, bem como, com provas dadas na gestão de uma companhia de aviação comercial”, condenam.

A CT revela ter pedido em 22 de maio uma audiência com o presidente do Governo dos Açores (eleito por uma coligação partidária de centro-direita), o social-democrata José Manuel Bolieiro, não tendo obtido resposta.

“A empresa encontra-se neste momento à deriva, num completo desnorte operacional, com os trabalhadores em rotura, à beira da fadiga e do ‘burnout'”, avisam.

Os trabalhadores da SATA Air Açores consideram que a “indefinição sobre o processo de privatização da Azores Airlines e a falta de plano estratégico para o grupo restringem a capacidade de retoma de uma empresa vital que a política parece apostada em agonizar”.

“Ninguém assume responsabilidades e vamos todos pagar caro. Há responsabilidades políticas a apurar e deixar avançar a SATA Air Açores nestas condições só vai conduzir a sérios prejuízos sociais e à sua sustentabilidade a curto e a médio prazo”, alerta a CT.

A demissão de Teresa Gonçalves da presidência do grupo SATA foi anunciada em 09 de abril, quatro dias depois de ser conhecida a decisão final do júri do concurso público para a privatização da Azores Airlines (companhia aérea responsável pelas ligações entre os Açores e o exterior).

Em junho de 2022, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo medidas como uma reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de controlo (51%).

Também nesta segunda-feira, dia 3 de junho, o Partido Socialista/Açores anunciou que vai chamar ao parlamento a secretária regional do Turismo e Mobilidade e o vogal executivo da SATA, alegando que o Governo “deve prestar contas” pelo “descalabro operacional provocado no grupo” de aviação.

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