Um avião que se preparava para aterrar esta quinta-feira, dia 1 de junho, no Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto, no norte de Portugal, quase colidiu com um drone a 450 metros de altitude, obrigando a tripulação a realizar várias manobras, noticiou a agência Lusa.
O incidente ocorreu cerca das 16h40, no momento em que o Boeing 737-800, matrícula F-GZHS,com capacidade para cerca de 160 passageiros, da companhia Transavia, do Grupo Air France/KLM, estava na aproximação final para aterrar, a 3,5 quilómetros da pista 35, quando um drone se aproximou e o avião teve de efetuar diversas manobras para evitar a colisão.
Foi “a perícia da tripulação que evitou um grave acidente” com o Boeing 737-800, que tinha descolado de Paris (voo TO3408), disseram à agência Lusa fontes do setor aeronáutico.
Contactada pela agência Lusa, a NAV Portugal (responsável pela gestão do tráfego aéreo) confirmou o incidente, acrescentando que o mesmo foi reportado à Autoridade Nacional da Aviação Civil e ao Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que também já assumiu ter sido notificado deste incidente.
O diretor do GPIAAF explicou que, como este tipo de ocorrência não é de investigação obrigatória, e como o GPIAAF não dispõe de meios humanos para se dedicar às investigações que não sejam obrigatórias, este incidente não será investigado por este organismo.
O GPIAAF apenas dispõe, atualmente, de dois investigadores para a área aeronáutica.
Nelson Oliveira sublinhou, contudo, que este tipo de incidentes são essencialmente do foro criminal.
O diretor do GPIAAF relatou ainda que, desde o início do ano, este é o quarto reporte deste tipo de incidentes que chegaram ao GPIAAF: dois ocorreram em Lisboa e os outros dois, com este, no Porto.
Em 2016, o extinto Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) – que deu origem ao GPIAAF — recebeu 31 reportes de incidentes com Sistemas de Aeronaves Pilotadas Remotamente, vulgarmente designados por ‘drones’, a maioria registados nas proximidades do Aeroporto de Lisboa.
Dados facultados no ano passado pelo então GPIAA à Lusa mostravam que as restantes ocorrências se verificaram noutros aeroportos de Portugal continental e nas ilhas.
Um dos incidentes mais graves aconteceu na tarde de 11 de dezembro, quando um funcionário alertou para a presença de um destes aparelhos sobre uma das placas do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Na ocasião, a situação obrigou ao cancelamento temporário da descolagem de um avião e condicionou durante cerca de meia hora a operação de uma das pistas do aeroporto.
Outro dos reportes foi feito a 21 de dezembro no Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, quando, durante uma revista, os funcionários encontraram na pista um ‘drone’ que tinha sido avistado a sobrevoar a área de aproximação do aeroporto ao final de tarde do dia anterior. O aparelho nunca foi reclamado por ninguém.