A Turquia solicitou nesta quarta-feira, dia 12 de julho, o apoio de Angola para que a sua companhia aérea estatal, a Turkish Airlines, faça a ligação entre Istambul e Luanda, numa frequência de dois voos semanais, anunciou a agência noticiosa portuguesa ‘Lusa’ em despacho de Luanda.
O interesse foi manifestado pelo ministro das Alfândegas e Comércio da Turquia, Bulent Tufencki, nas conversações com a parte angolana, para a assinatura de pré-acordos de cooperação em várias áreas de interesse comum, que decorrem em Luanda.
Por sua vez, o ministro da Justiça e Direitos Humanos de Angola, Rui Mangueira, e coordenador da Comissão Económica Conjunta Angola-Turquia, disse que a questão foi discutida “com alguma profundidade”.
“Nós admitimos que essa possibilidade se venha a concretizar a breve trecho, é necessário que existam condições técnicas em Angola, para que este assunto seja efetivamente concretizado e vamos trabalhar neste sentido”, disse o ministro.
Rui Mangueira informou ainda que o planeamento para esta possibilidade deve ser feito no sentido de avançar tão logo estejam estabelecidas as condições técnicas e a própria empresa faça o respetivo planeamento. “Não é algo que possa ser definido com uma data, o que quer dizer que a breve trecho esse assunto será resolvido”, disse o ministro angolano, citado pela ‘Lusa’.
Esta notícia merece algumas considerações, já que pouco de novo acrescenta à ‘novela’ que, desde 2014, se assiste nas tentativas falhadas da Turkish Airlines e do Governo de Angola se entenderem quanto à abertura de uma linha regular entre os aeroportos de Istambul/Ataturk e de Luanda. Desde então, nenhuma das partes falou sobre este desentendimento, se bem que se saiba, nos meandros da aviação comercial, que foi a própria TAAG que se opôs a essa abertura, por razões que nunca foram explicadas. Por outro lado, entidades de Angola sempre responderam de forma informal que a Turkish é que não se despachava com a abertura da rota.
A companhia aérea turca que é presentemente a empresa que tem maior rede de voos para destinos internacionais no mundo, incluindo 48 cidades em 31 países africanos, anunciou em abril de 1974 que iria abrir a rota Istambul-Luanda a 10 de junho seguinte (LINK notícia relacionada). A rota tinha sido autorizada pelas entidades angolanas em maio desse ano. Mas, pelo meio, já no final do ano aparece nova notícia sobre as negociações que não estariam ainda concluídas (LINK notícia relacionada). Depois adiou a abertura para janeiro de 2015 (LINK notícia relacionada). Mas a crise económica nos países que dependiam do petróleo, como é o caso de Angola, e a supremacia que a Emirates ganhara entretanto no mercado angolano, fez a Turkish recuar e deixou de falar do seu interesse por Angola.
Por outro lado, na outra costa de África, em Moçambique, outro país de língua oficial portuguesa, a companhia estatal turca, passou a escalar Maputo. O início dos voos em outubro de 2015 abriu novas portas ao tráfego de passageiros, que aproveitaram os excelentes preços de lançamento da empresa em viagens de diversos países europeus para a África Austral com escala no hub de Istambul/Ataturk. E, pelos vistos, tem sido um sucesso, já que a companhia turca, em outubro passado, anunciou o aumento das suas frequências para Moçambique, agora com cinco escalas semanais em Maputo (LINK notícia relacionada).
O retomado interesse da Turkish por Luanda deve estar relacionado com a saída e desinvestimento da Emirates em Angola (LINK notícia relacionada). Porque numa época em que o tráfego desce e em que a TAAG se prepara para abrir voos diretos de Luanda para Londres ou Paris, além de prever dois voos diários para Lisboa, não se vislumbra agora melhor oportunidade do que a que existia em 2014/2015. Por outro lado, há que contar com todas as outras companhias europeias que voam para Luanda, e que não mostraram interesse em abandonar o país.