Açores quer que a ANA assuma encargos da abertura noturna do Aeroporto de Santa Maria

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O presidente executivo da ANA Aeroportos alertou que os voos noturnos no aeroporto da ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores, “só produzem custos” e um prejuízo adicional de 180 mil euros, realçando que aquela infraestrutura já é deficitária.

“Para a natureza da regulação económica aplicada à nossa empresa, esses voos não produzem receitas e só produzem custos”, afirmou Thierry Ligonnière.

O gestor falava nesta terça-feira, dia 29 de novembro, na comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação da Assembleia da República, em Lisboa, devido ao encerramento do aeroporto de Santa Maria entre as 00h00 e as 06h00.

Thierry Ligonnière realçou que a margem operacional do aeroporto de Santa Maria para 2022 é negativa em cerca de 1,5 milhões de euros, alegando que os voos noturnos têm um impacto “irrelevante” na economia da ilha.

“As operações realizadas em 2019, entre as 21h30 e as 06h30 da manhã, criaram nos nossos cálculos um prejuízo adicional de quase 180 mil euros para um aeroporto que já perde 1,5 milhões de euros”, destacou.

O presidente da ANA – Aeroportos de Portugal, empresa que tem o Aeroporto de Santa Maria na sua concessão, lembrou que os operadores têm a “alternativa” do aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, que está aberto durante a noite, mas admitiu que a alteração nas taxas daquele tipo de voos noturnos poderá permitir à empresa “avaliar” a decisão.

“Os voos que pedem reabertura durante a noite têm um motivo que é o reabastecimento. Não embarca, nem desembarca nenhum passageiro”, vincou.

O presidente da ANA reforçou que o serviço noturno foi assegurado até ao Verão com recurso a horas extraordinárias dos funcionários do aeroporto, o que “causou um grande desgaste” nas equipas.

O gestor afirmou que o encerramento durante o período noturno é permitido pelo contrato de concessão e que o aeroporto continua “sempre disponível” para reabrir em situações de emergência.

Thierry Ligonnière recordou que em 2006 foi acordado que a ANA (à altura uma empresa pública) iria receber uma “compensação” por parte do Governo dos Açores devido ao período adicional de abertura do aeroporto, um apoio que “não chegou a ser operacionalizado”.

“Houve faturas que foram emitidas, mas não foram pagas”, assinalou.

O deputado socialista Francisco César, eleito pelo círculo dos Açores, evocou os 303 milhões de euros de lucro que a ANA Aeroportos registou em 2019 para apelar à “responsabilidade social” da empresa, lembrando a “importância” do aeroporto para a economia de Santa Maria.

César alertou que a decisão de encerrar o aeroporto durante a noite pode levar a despedimentos, advogando que em 2016 foram realizados 335 pedidos de reabertura durante a noite, com uma receita acima dos dois milhões de euros.

“Estamos disponíveis para analisar os documentos que o senhor deputado tem em termos de impacto sobre a economia da ilha porque o nosso entendimento é diferente”, retorquiu o presidente da ANA.

Paulo Moniz, do PSD/Açores, também alertou para os impactos da decisão na economia da ilha, realçando que não se “trata de uma análise de contabilidade analítica restrita”, reforçando a importância história de Santa Maria na aviação.

A 9 de agosto, a autarquia de Vila de Porto, a única de Santa Maria, questionou a ANA Aeroportos para “perceber qual é o horário do aeroporto” de Santa Maria, lembrando a importância da ilha no acolhimento de escalas técnicas.

 

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