O conselho de administração da Empresa Nacional de Segurança Aérea (ASA) da República de Cabo Verde, sediada na ilha do Sal, considera que a ameaça de greve por parte dos seus colaboradores é “completamente desajustada e irracional”.
O conselho de administração da ASA faz esta análise, através de um comunicado à imprensa, distribuído na passada terça-feira, dia 21 de dezembro, na sequência do anúncio de greve por um período de dois dias, 28 a 30 do corrente mês, abrangendo todas as classes profissionais da empresa.
Em causa está a retirada de alguns direitos adquiridos ao “longo de décadas”, nomeadamente o subsídio de férias, subsídio de Natal, bem como o adiamento da progressão profissional que deveria ocorrer em janeiro de 2020, conforme os colaboradores da empresa.
“Neste contexto adverso e imprevisível a nível mundial e sem qualquer argumento razoável e violando decisões judiciais, a ASA considera a ameaça de greve completamente desajustada e irracional, exatamente no pior momento que a empresa, o País e o mundo alguma vez enfrentaram”, lê-se no documento.
De acordo com a mesma fonte, trata-se de uma “tremenda falta de solidariedade” para com os que perderam ou viram o seu salário reduzido, realçando que o mundo está a viver uma crise sanitária sem precedentes, “totalmente imprevisível, que atingiu, de forma dramática”, a aviação civil e o turismo, em todas as latitudes.
O comunicado explica que por longos meses a atividade dos aeroportos de Cabo Verde foi residual, estando, em alguns reduzidos a zero, que na FIR Oceânica do Sal, os sobrevoos não têm tido expressão, mostrando um “comportamento errático” desde março de 2020.
“Os rendimentos e os fluxos de recebimentos da empresa, provenientes quer da atividade aeroportuária, quer da navegação aérea foram fortemente impactados”, justifica-se.
Nesta base, o conselho de administração da ASA aponta que a “queda abrupta” da atividade e do volume de negócios, bem como a incerteza da retoma “tornaram imperativa” a tomada de medidas de gestão que potenciam a manutenção dos postos de trabalho, a sustentabilidade e o equilíbrio económico-financeiro da empresa.
O mesmo documento esclarece, que para fazer face à situação, em abril de 2020, o conselho de administração tomou uma série de medidas “transversais e articuladas”, por forma a assegurar a sustentabilidade financeira da empresa, num período de forte restrição da atividade.
“São medidas ao nível da gestão aeroportuária e da gestão da navegação aérea que visam a contenção e redução dos gastos, com impacto em toda a empresa e, sobretudo, nos fornecedores e prestadores de serviços”, explica, asseverando que no que toca à liquidez, a ASA está confrontada com uma “dramática redução” dos recebimentos, contrastando com a manutenção de níveis de custos fixos relacionados com a essência da atividade da empresa.
“Os resultados da ASA em 2020 cifram-se em cerca de 1,8 milhões de contos negativos. Os resultados de 2021 rondam a cifra dos 2 milhões de contos negativos. O volume de negócios de 2020 teve uma redução de cerca de 63%, e, em 2021, essa redução situar-se-á à volta de 70%, em relação a 2019”.
“Isto quer dizer que a atividade da ASA em 2021 representa cerca de 30% do que foi o ano de 2019”, salienta o comunicado, apontando que os recebimentos de clientes, em 2021, sofreram uma redução de mais de 4,5 milhões de contos, em relação a 2019.
“É neste contexto que a ASA, uma das empresas mais impactadas pela crise sanitária, é confrontada com um pré aviso de greve”, observa a mesma fonte, assegurando, todavia, que a empresa continuará, a avaliar a evolução do negócio e, “logo que as condições estiverem reunidas, fará a regularização, com atualização dos enquadramentos dos colaboradores e respectivo pagamento, com efeitos retroativos a Janeiro de 2020”.
“Essa gestão criteriosa e racional, assim como, o recurso às facilidades postas à disposição das empresas pelo Estado para fazer face aos impactos da pandemia têm ajudado a empresa a cumprir com todos os seus compromissos nesses 21 meses.
“E, principalmente, garantir a manutenção dos postos de trabalho e rendimentos de centenas de famílias cabo-verdianas e empresas nacionais que prestam serviço à ASA, segurança, limpeza, transporte de pessoal, manutenção, entre outros”, conclui a nota.
- Notícia distribuída pela INFORPRESS – Agência de Notícias de Cabo-Verdiana