Cessna 152 aterra de emergência e mata dois banhistas numa praia da Caparica

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Um avião ligeiro Cessna 152, matrícula CS-AVA, fez na tarde desta quarta-feira, dia 2 de agosto, uma aterragem de emergência na praia de São João, na Costa da Caparica, no concelho de Almada, na margem sul do Rio Tejo, em Portugal, tendo provocado dois mortos.

A aeronave realizava um voo de treino que saiu do Aeródromo Municipal de Cascais e tinha com destino o Aeródromo Municipal de Évora, tendo entrado em contacto com uma torre de controlo reportando problemas. O motor terá parado pelas 16h45 locais.

As duas vítimas mortais do acidente são uma menina de oito anos de idade e um homem de 56 anos, sem relação familiar. Ambos se encontravam na praia no momento da aterragem de emergência.

Uma mulher de 45 anos ficou ainda com ferimentos ligeiros num dos braços, tendo sido encaminhada para o hospital.

Amaragem seria situação normal em emergência junto a praia com pessoas

O ex-diretor do extinto Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) Álvaro Neves explicou à agência de notícias ‘Lusa’ que a amaragem é a situação normal quando uma aeronave precisa de aterrar de emergência junto a uma praia com pessoas.

Álvaro Neves, que atualmente é perito da ‘European Aviation Safety Agency’ (Agência Europeia de Segurança da Aviação), disse que desconhece os contornos do acidente, já que considera importante conhecer a idade e a experiência do piloto.

De acordo com o perito, o procedimento que se ensina nas escolas de aviação é o de amarar quando é necessária uma aterragem de emergência junto a uma praia com pessoas.

“O que se deve fazer é afastar-se para dentro do mar”, explicou à agência Lusa, adiantando que há outros procedimentos a ter em conta numa amaragem, como abrir a porta antes do impacto.

No entender de Álvaro Neves, a aflição do piloto no momento de um incidente pode fazer com que tente aterrar no areal, onde a aterragem é mais fácil.

Os dois tripulantes saíram ilesos da ocorrência.

Instrutor com “elevada experiência”, diz a Aerocondor

O avião ligeiro que aterrou de emergência, esta quarta-feira, numa praia da Costa de Caparica estava em voo de treino com um aluno e um instrutor sénior com “elevada experiência e milhares de horas de pilotagem”.

Em comunicado, a escola de aviação Aerocondor refere que o avião foi alugado ao Aeroclube de Torres Vedras, que era proprietário do aparelho e responsável pela sua manutenção.

O instrutor tinha 56 anos de idade e “elevada experiência e milhares de horas de pilotagem”, escreve a nota da escola, que afirma que vai colaborar com as autoridades no apuramento das causas do acidente e endereça os pêsames aos familiares das duas vítimas mortais.

O avião sinistrado e causador do acidente integra a frota da Escola Nacional de Aviação Desportiva (ENAD), que pertence ao Aeroclube de Torres Vedras) criado em 1931, no Aeródromo de Santa Cruz, no distrito de Lisboa, com centenas de pilotos formados a nível profissional e desportivo ao longo de 65 anos.

Trata-se do segundo acidente aéreo com mortos ocorrido este ano em Portugal, elevando para sete o número de vítimas mortais ocorridas desde janeiro.

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Tripulantes com termo de identidade e residência fixa

Os dois tripulantes do Cessna 154 ficaram com termo de identidade e residência fixa e serão ouvidos na quinta-feira, dia 3 de agosto, pelo Ministério Público.

A informação foi prestada pelo capitão do Porto de Lisboa, Paulo Isabel, aos jornalistas, pelas 20h00 desta quarta-feira, num ponto de situação sobre a aterragem de emergência do pequeno avião na praia de São João, Costa de Caparica.

De acordo com o Capitão do Porto de Lisboa, uma procuradora do Ministério Público vai na quinta-feira ouvir os dois tripulantes, que já estiveram a ser interrogados pela Polícia Marítima.

Segundo o mesmo responsável, correm dois processos em paralelo, um de natureza judicial, no âmbito do Ministério Público, e outro de natureza técnica, levado a cabo pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários.

 

Cronologia dos acidentes aéreos em Portugal desde o ano de 2009

De acordo com dados do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários, divulgados pela agência de notícias ‘Lusa’, ocorreram em Portugal 48 acidentes com aviões desde o dia 1 de janeiro de 2009, com a maioria a acontecer nesse ano e no de 2015. Veja aqui a cronologia dos acidentes:

2017

2 de agosto, Costa de Caparica – Um homem e uma menina morreram depois de terem sido atingidos por uma avioneta na sequência de uma aterragem de emergência na praia de São João, na Costa de Caparica, em Almada.

17 de abril, Tires – Uma aeronave de matrícula suíça caiu em Tires com quatro pessoas a bordo (três franceses e um suíço), que morreram. O aparelho descolou do aeródromo de Tires, tendo-se despenhado cerca de dois mil metros depois da descolagem e caído perto de um supermercado.

Morreu uma quinta pessoa que estava na zona de descargas da superfície comercial.

2016

19 de junho, Ferreira do Alentejo – A queda de uma aeronave na zona de Canhestros, em Ferreira do Alentejo, distrito de Beja, provocou a morte do piloto, de nacionalidade belga, dois feridos graves e dois ligeiros, estes quatro paraquedistas portugueses.

2015

20 de novembro, Ponte de Sor – Um helicóptero despenhou-se perto do aeródromo de Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, o que causou ferimentos graves a uma jovem de 22 anos, de nacionalidade angolana.

20 de setembro, Tomar – A queda de um ultraleve no campo de voo de Valdonas, Tomar, distrito de Santarém, onde decorria um evento aéreo, provocou a morte aos dois tripulantes.

19 de setembro, Alcácer do Sal – Um ultraleve aterrou de emergência, tendo capotado de seguida, numa herdade de Alcácer do Sal, Setúbal, o que provocou ferimentos ligeiros aos dois ocupantes.

14 de setembro, Viseu – Um ultraleve despenhou-se durante um voo local e o piloto, único ocupante, ficou com ferimentos ligeiros.

30 de setembro, Almada – Um avião ligeiro caiu ao rio Tejo, perto da Trafaria, concelho de Almada, Setúbal, quando realizava uma operação de reboque de manga. Os dois ocupantes ficaram feridos.

8 de agosto, Arcos de Valdevez – Um helicóptero ligeiro de combate a incêndios despenhou-se quando regressava de um fogo em Miranda, Arcos de Valdevez, e duas pessoas ficaram feridas.

26 de julho, Coimbra – A queda de uma asa delta com motor na praia do Poço da Cruz, a norte da povoação da Praia de Mira, Coimbra, causou um morto e um ferido grave. A vítima mortal foi um homem português, de 48 anos, enquanto o ferido, com 25 anos, era de nacionalidade francesa.

29 de junho, Paços de Ferreira – Um helicóptero ligeiro da Proteção Civil caiu na localidade de Lamoso, concelho de Paços de Ferreira, quando estava a reabastecer-se de água numa lagoa para combater um incêndio naquela localidade, causando ferimentos ao piloto.

18 de junho, Coruche – A queda de um avião ligeiro no distrito de Santarém (entre os concelhos de Coruche e de Benavente), que estava carregado com produto para a pulverização agrícola, provocou ferimentos graves no piloto.

26 de maio, Santo Tirso – A queda de uma avioneta junto ao campo de futebol do Água Longa, concelho de Santo Tirso, causou a morte aos dois ocupantes, ambos do sexo masculino.

6 de fevereiro, Azambuja – Um ultraleve caiu na pista do Campo de Voo de Alqueidão, concelho de Azambuja, na fase de descolagem. Os dois tripulantes morreram carbonizados.

3 de janeiro, Tomar – A queda de um ultraleve, no concelho de Tomar, distrito de Santarém, causou a morte do piloto, de 43 anos, e ferimentos graves no outro ocupante, de 51 anos. O acidente ocorreu no campo de voo de Valdonas.

2014

4 de dezembro, Portalegre – Um helicóptero despenhou-se perto do aeródromo de Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, e os dois tripulantes morreram.

25 de outubro, Mirandela – Queda de um ultraleve no aeródromo de Mirandela provocou ferimentos nos dois ocupantes, um em estado grave.

12 de setembro, Sagres, Vila do Bispo – Pescadores recolheram, ao largo de Sagres, documentação referente a um piloto e um ultraleve. O aparelho foi encontrado no mar, dois dias depois, ao largo do Porto da Baleeira. O piloto, de 74 anos, continua desaparecido até hoje.

15 de maio, Setúbal – Uma aeronave fez uma aterragem perto da aldeia do Possanco, na Comporta, concelho de Alcácer do Sal, provocando ferimentos ligeiros nos dois ocupantes.

30 de abril, Évora – Morte dos dois tripulantes que seguiam a bordo de uma aeronave que se despenhou na zona de Monte da Chaminé, perto do Aeródromo Municipal de Évora.

12 de abril, Sines – Um homem, com cerca de 40 anos, morreu após o parapente em que voava ter caído no mar, ao largo da costa norte de Sines.

2013

5 de janeiro, Portalegre – Queda de uma aeronave numa zona rural, na Herdade Sobral da Lameira, concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre, motivou a morte do piloto e único ocupante do aparelho.

18 de dezembro, Monchique – A queda de um helicóptero em Monchique, Algarve, provocou a morte de um dos tripulantes e ferimentos nos outros dois ocupantes, durante uma operação de vistoria de cabos elétricos.

2012

5 de setembro, Évora – A queda de uma aeronave em zona rural, nas imediações do Aeródromo Municipal de Évora, provocou um morto.

3 de setembro, Ourém – A queda de um helicóptero de combate ao fogo junto ao parque de merendas de Espite, no concelho de Ourém, fez dois feridos ligeiros.

18 de agosto, Braga – A queda de uma aeronave junto a habitações em S. Pedro, no concelho de Braga, causou dois mortos.

19 de julho, Beja – Registada amaragem de um avião anfíbio, que participava no combate ao incêndio em Tavira na albufeira do Roxo, devido a uma falha técnica, sem causar vítimas.

3 de julho, Cascais – Uma aeronave caiu na Quinta de Manique, a norte do aeródromo de Tires, no concelho de Cascais, o que causou dois feridos sem gravidade.

26 de junho, Cascais – Uma aeronave despenhou-se em Matarraque, São Domingos de Rana, concelho de Cascais, e morreram os dois ocupantes, de 21 e 29 anos.

2 de junho, Sintra – Dois tripulantes, de 67 e 45 anos, foram as vítimas mortais da queda de um ultraleve na zona de Azóia, concelho de Sintra.

3 de abril, Benavente – A queda de um ultraleve nas imediações do Campo de Voo de Benavente provocou a morte dos dois ocupantes, de 18 e 21 anos.

25 mar, Águeda – A queda de uma aeronave em Águeda provocou a morte do piloto, com cerca de 50 anos.

2011

Não se registaram acidentes fatais, facto inédito há mais de uma década em Portugal, segundo o GPIAA. Nesse ano, a entidade registou seis acidentes e quinze incidentes.

2010

15 de dezembro, Sintra — Um ultraleve caiu na praia da Aguda, em Sintra, provocando a morte do passageiro, de 22 anos, e lesões graves no piloto, que viria a sobreviver.

29 de agosto, Leiria – Um avião ultraleve despenhou-se na pista do Aeroclube da Lagoa de Óbidos, tendo morrido os dois ocupantes.

10 de agosto, Portimão – A queda de uma aeronave de publicidade em Portimão causou um ferido ligeiro.

21 de março, Castelo Branco – Duas pessoas morreram devido à queda de uma aeronave em Castelo Branco.

6 de março, Montemor-o-Novo – Duas pessoas morreram na queda de uma aeronave junto à localidade de Ciborro. O aparelho despenhou-se quando se preparava para aterrar numa pista particular situada junto a um arrozal, numa zona isolada.

12 de fevereiro, Cascais – Uma aeronave ligeira caiu no Aeródromo de Tires e provocou três feridos ligeiros. A aeronave era proveniente do Aeródromo de Évora, onde funciona a Escola Civil de paraquedistas.

2009

24 de maio, Madeira – Uma aeronave ligeira, um aparelho privado de acrobacias modelo Zelin 142, despenhou-se na pista do Aeroporto da Madeira, um acidente que provocou um morto, um copiloto da TAP e um ferido, mecânico de aeronaves, que era proprietário do aparelho.

13 de junho, Seia – Um helicóptero, da empresa Helisul e que estava a fazer filmagens aéreas ao serviço de uma produtora, caiu numa encosta da Serra da Estrela, a 1.600 metros de altitude, no meio de giestas, ficando seguro por um cabo instalado pelos bombeiros. O realizador e operador de câmara ficaram gravemente feridos, registando-se ainda outro ferido ligeiro.

12 de julho, Porto – Uma pessoa morreu na queda de um avião ligeiro em Ponte de Lima.

17 de julho, Santarém – Uma aeronave com dois passageiros capotou para fora da pista quando estava a aterrar no aeródromo de Santarém, provocando um ferido ligeiro.

12 de agosto, Fundão – Um avião de combate a incêndios aterrou de emergência em Ferreiras, concelho de Fundão. Os dois tripulantes saíram ilesos.

14 de agosto, Évora – Um bimotor Beech 99 conduzido pelo dono do avião e proprietário da empresa de paraquedismo SkyDive, caiu no Bairro de Almeirim, o que causou a morte dos dois ocupantes. O aparelho causou ainda danos no edifício em que raspou quando caiu.

16 de agosto, Setúbal – A queda de uma aeronave ligeira na zona de Alcácer do Sal, na Herdade de Palma, resultou na morte do piloto do aparelho, de 79 anos, e um dos donos da propriedade agrícola. Registou-se ainda um ferido grave, de 18 anos, com queimaduras nas pernas, e dois feridos ligeiros, familiares das vítimas e que se encontravam em terra.

15 de setembro, Beja – Um avião ligeiro caiu em Aldeia de Sete, em Castro Verde, e fez três mortos.

3 de outubro, Covilhã – Um avião despenhou-se durante um festival aéreo na Covilhã. Os dois tripulantes do avião, o piloto e uma jornalista, sofreram ferimentos ligeiros.

9 de outubro, Castro Marim – Uma aeronave caiu em São Bartolomeu do Sul, registando-se a morte do piloto, único ocupante do aparelho.

 

  • Fotos © João Palma Costa
  • Notícia atualizada – 20h00 UTC


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