Emirates vai enviar engenheiros para supervisionar qualidade da Boeing

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Emirates exige revisão radical nos processos de fabrico da Boeing em face ao declínio de qualidade.

A Emirates Airlines emitiu um sério ultimato à Boeing, alertando a construtora aeroespacial norte-americana naquilo que é descrito como a sua “última oportunidade”. A crítica vem na sequência de uma série de falhas percebidas na qualidade de fabrico e nos padrões de gestão da Boeing. 

Sir Tim Clark, presidente da Emirates, em declarações ao jornal britânico ‘Financial Times’ observou um “declínio progressivo” nos padrões de fabrico da Boeing, um fenómeno que atribui a falhas prolongadas na gestão e governança, nomeadamente a tendência de priorizar o desempenho financeiro sobre a excelência em engenharia.

A companhia aérea, que figura entre os maiores clientes da Boeing, solidificou a sua parceria em novembro com uma encomenda de 95 jatos Boeing 777 e 787, destinados a voos de longa distância, um pacote avaliado em 52 mil milhões (bilhões no Brasil) de dólares.

Clark sublinhou a importância de a Boeing cultivar uma cultura de segurança e de rever integralmente os seus processos de fabrico para garantir que não haja comprometimento na qualidade. A decisão inédita da Emirates de enviar engenheiros para monitorar a produção na Boeing e na Spirit AeroSystems reflete a profundidade das preocupações da companhia aérea.

A intervenção direta da Emirates é vista como um indicativo da deterioração da confiança na Boeing, uma medida que, segundo Clark, seria impensável em tempos anteriores.

O incidente com um Boeing 737 MAX 9, que sofreu uma falha crítica em pleno voo no mês passado, exacerbou o escrutínio sobre as práticas de fabrico e garantia de qualidade da Boeing. Este evento, atualmente sob investigação, somou-se aos desafios que afetam a reputação do fabricante.

A Boeing, por sua vez, manteve-se reservada quanto aos comentários de Clark, remetendo para uma comunicação interna do CEO Dave Calhoun, que enfatizou a importância de não divulgar objetivos financeiros ou operacionais neste momento. Apesar disso, a empresa comprometeu-se a reconquistar a confiança dos seus parceiros e clientes, optando por não divulgar as habituais projeções.

Clark criticou ainda a gestão anterior da Boeing por erros estratégicos, como a terceirização de componentes e a transferência da produção do modelo 787 para a Carolina do Sul, em busca de redução de custos, o que culminou na perda de competências essenciais.

“Os processos de fabrico da empresa necessitam de uma revisão minuciosa,” afirmou Clark, insistindo que a gestão deve relegar para segundo plano as preocupações com o desempenho financeiro. “É necessário uma análise profunda sobre como e onde os aviões são produzidos… isso é sinal de boa gestão, boa governança e deve ser prioridade para todos no conselho de administração.

“Não se deve focar apenas no retorno do investimento, no lucro líquido, no fluxo de caixa livre, no valor para o acionista, no valor das ações ou nos bónus. Esses resultados virão naturalmente se tudo for feito corretamente e com qualidade desde o início.”

A capacidade da Boeing de implementar essas mudanças críticas e restaurar sua reputação histórica permanece uma questão em aberto, segundo Clark.

Aengus Kelly, CEO da AerCap, a maior empresa de leasing de aeronaves do mundo, também em declarações ao ‘Financial Times’, há cerca de um mês também apontou o dedo à Boeing, enfatizando a necessidade de uma mudança fundamental na estratégia da empresa. Segundo Kelly, é imperativo que a Boeing relegue as metas financeiras para segundo plano, concentrando-se exclusivamente na segurança e na qualidade dos seus aviões.

Fonte: FT

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